DA REPORTAGEM LOCAL

Imagine-se na pele de um garoto de oito anos, com as agruras típicas dessa idade. Sua irmã caçula inferniza sua vida, seus pais não compreendem -tampouco acatam- suas vontades, a escola o atormenta. Como resolver seus problemas? Aprendendo a encará-los, lidando com as frustrações, em suma, crescendo? Que nada. Escapismo é a solução. Eis a idéia por trás de "Mundo Mágico", desenho que estréia hoje, às 10h30, no Nickelodeon.
Nele, somos apresentados a Winchell Adams, o tal garoto descrito acima. Dono de uma imaginação prodigiosa, sempre que algum problema aparece -geralmente com seus pais ou sua irmã Clio- ele viaja para o mundo mágico que criou em sua mente, a "cidade das travessuras" do título original ("Mischief City").
Esse território paralelo criado por Winchell é habitado por uma trinca de amigos imaginários. A loirinha Maxine é a companheira de todas as aventuras. A ela, soma-se a dupla de monstros Senhor Cube e Hey-Hey. O primeiro é uma espécie de touro em forma de cubo, com apetite insaciável e pouco humor. O segundo é um bicho verde intrometido. A dupla geralmente salva Winchell e Maxine dos perigos.
O antagonista dessa trupe é Duane, o irmão mais velho de Maxine. Além dele, a imaginação de Winchell cria mais uma série de inimigos virtuais para compor o enredo das aventuras.
Se dos problemas do mundo real o garoto prefere fugir, no mundo de sua imaginação as encrencas são resolvidas de modo a trazerem sempre alguma lição positiva, como o valor da amizade, do trabalho em grupo etc.
"Mundo Mágico" acaba sendo uma valorização exagerada do escapismo -ser hiperimaginativo durante a infância é relativamente comum, mas viver fugindo das frustrações não vai fazê-las sumirem, como quase todo mundo aprende, cedo ou tarde.
(MARCO AURÉLIO CANÔNICO)