São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006

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"Não tem mais essa coisa do Brasil exótico", afirma dono de gravadora

DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo discopunk paulistano Cansei de Ser Sexy é, atualmente, a face mais conhecida dessa nova geração de brasileiros. Recém-contratada pela gravadora americana Sub Pop, a banda está em turnê pelos Estados Unidos com o trio curitibano de funk carioca Bonde do Rolê e, além de lotar os clubinhos onde se apresenta, tem repercutido em jornais e revistas internacionais e também no Brasil -incluindo nesta Folha.
"A música nacional no exterior sempre foi direcionada aos brasileiros que vivem fora do país ou ao circuito de world music", afirma Eduardo Ramos, dono do selo Slag Records e responsável pelos shows do CSS nos EUA. "Essa geração rompeu uma relação de anos, pela qual os brasileiros tocavam só em festivais de jazz e world music."
Para Ramos, o que determinou a entrada dos artistas nesse novo roteiro é o fato de serem uma "geração globalizada". "Quando saiu o CD do CSS, as pessoas diziam que poderia ser de Nova York ou Londres. Assim como o Kassin pode ser de qualquer lugar", descreve. "Não tem mais essa coisa do Brasil exótico, como era com os artistas ligados às "majors"."
Ramos aponta a internet como fundamental nesse processo, facilitando a distribuição. "Isso permite um trabalho mais eficaz. O circuito indie é sólido e gera muito dinheiro."
O produtor cultural Marcos Boffa, diretor artístico do festival Motomix e curador do Sónar São Paulo (2004), aposta em um boom no exterior. "A música brasileira está sendo ouvida por um outro viés", avalia Boffa. "Estamos mais próximos da idéia de "global beats" do que da world music. É onde entra o funk carioca."
Entre as características da música brasileira contemporânea, Boffa aponta a retomada de ritmos do passado por artistas como o coletivo Instituto, a cantora Cibelle, o produtor Apollo 9 e o DJ Zé Gonzales. "Eles recuperam uma musicalidade do fim dos anos 60, início de 70, numa roupagem nova, atualizando aquela tradição melódica."
Porém, mais do aproveitar a moda, para Boffa, apostar numa carreira no exterior é uma "necessidade". "Não vejo um mercado muito grande para esses artistas aqui. Se há uma demanda por música brasileira no exterior, por que não, né?" (AFS)


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