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"Não tem mais essa coisa do Brasil exótico", afirma dono de gravadora
DA REPORTAGEM LOCAL
O grupo discopunk paulistano Cansei de Ser Sexy é, atualmente, a face mais conhecida
dessa nova geração de brasileiros. Recém-contratada pela
gravadora americana Sub Pop,
a banda está em turnê pelos Estados Unidos com o trio curitibano de funk carioca Bonde do
Rolê e, além de lotar os clubinhos onde se apresenta, tem repercutido em jornais e revistas
internacionais e também no
Brasil -incluindo nesta Folha.
"A música nacional no exterior sempre foi direcionada aos
brasileiros que vivem fora do
país ou ao circuito de world
music", afirma Eduardo Ramos, dono do selo Slag Records
e responsável pelos shows do
CSS nos EUA. "Essa geração
rompeu uma relação de anos,
pela qual os brasileiros tocavam só em festivais de jazz e
world music."
Para Ramos, o que determinou a entrada dos artistas nesse novo roteiro é o fato de serem uma "geração globalizada". "Quando saiu o CD do CSS,
as pessoas diziam que poderia
ser de Nova York ou Londres.
Assim como o Kassin pode ser
de qualquer lugar", descreve.
"Não tem mais essa coisa do
Brasil exótico, como era com os
artistas ligados às "majors"."
Ramos aponta a internet como fundamental nesse processo, facilitando a distribuição.
"Isso permite um trabalho
mais eficaz. O circuito indie é
sólido e gera muito dinheiro."
O produtor cultural Marcos
Boffa, diretor artístico do festival Motomix e curador do Sónar São Paulo (2004), aposta
em um boom no exterior. "A
música brasileira está sendo
ouvida por um outro viés", avalia Boffa. "Estamos mais próximos da idéia de "global beats"
do que da world music. É onde
entra o funk carioca."
Entre as características da
música brasileira contemporânea, Boffa aponta a retomada
de ritmos do passado por artistas como o coletivo Instituto, a
cantora Cibelle, o produtor
Apollo 9 e o DJ Zé Gonzales.
"Eles recuperam uma musicalidade do fim dos anos 60, início de 70, numa roupagem nova, atualizando aquela tradição
melódica."
Porém, mais do aproveitar a
moda, para Boffa, apostar numa carreira no exterior é uma
"necessidade". "Não vejo um
mercado muito grande para esses artistas aqui. Se há uma demanda por música brasileira
no exterior, por que não, né?"
(AFS)
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