São Paulo, terça-feira, 01 de agosto de 2006 |
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Documentário Saudade cadencia tempo de Paulinho DA REPORTAGEM LOCAL
Do início ao fim, é a saudade
(ou a negação dela) quem pauta
"Paulinho da Viola - Meu Tempo É Hoje", documentário de
Izabel Jaguaribe, com roteiro
de Zuenir Ventura, exibido em
duas partes, a partir de hoje, pelo canal pago GNT -o trecho final vai ao ar amanhã, às 21h.
Logo no início do filme, Paulinho da Viola diz que não consegue sentir saudade. "A saudade anula a história, anula a vida.
Ela coloca num tempo fora de
tudo algo que não se tem mais."
Ao longo do documentário,
essa percepção se embaralha.
De sua mania de consertar relógios, pode-se (por que não?)
depreender uma relação ambígua com o tempo que teima em
parar. Do costume de comprar
carros antigos e em mau estado
para restaurá-los depois, não
há como negar certo apego, ou
admiração, pelo passado. Noutrora, também estão parte das
figuras-chave na vida musical
de Paulinho, das memórias infantis da convivência com Pixinguinha e Jacob do Bandolim, amigos de seu pai, o violonista Cesar Faria, até chegar na
Velha Guarda da Portela.
Com o argumento de um verso de "Meu Mundo É Hoje", de
Wilson Batista, Paulinho traduz sua visão de tempo, sua relação com o passado, excluindo-se dele, sem exclui-lo de si:
"Meu tempo é hoje. Eu não vivo
no passado. O passado vive em
mim".
(JANAINA FIDALGO)
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