São Paulo, quarta-feira, 01 de agosto de 2007

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Aos 94 anos, morre Antonioni, mestre do cinema moderno

Logo após a morte do sueco Ingmar Bergman, cinema perde o diretor italiano que rompeu com o neo-realismo em obras como "A Noite" e "Blow Up"; enterro será amanhã, em Ferrara, na Itália

Luca Bruno - 05.set.02/Associated Press
Antonioni durante entrevista no festival de Veneza, em 2002


DA REPORTAGEM LOCAL

Sentado ao lado da mulher, Enrica Fico, em sua casa em Roma, o cineasta italiano Michelangelo Antonioni morreu na noite de segunda, aos 94.
Mestre do cinema moderno, Antonioni promoveu uma ruptura com o neo-realismo italiano desde seus primeiros longas, realizados na década de 50, até a consolidação de seu renome internacional, com "Blow Up -Depois Daquele Beijo" (1966).
Antonioni transformou em marca de seus filmes a abordagem das angústias individuais nos relacionamentos e da incomunicabilidade entre os amantes, em oposição à ênfase na temática social neo-realista. A característica "intimista" de Antonioni lhe valeu a alcunha de "o poeta do tédio".
Nascido na alta burguesia italiana, Antonioni formou-se em economia e comércio na Universidade de Bolonha.
Transferiu-se para Roma em 1939, para estudar no Centro Experimental de Cinema e tornou-se crítico colaborador da revista "Cinema".

Rossellini
Ele se aproximou do diretor Roberto Rossellini (1906-77), para quem roteirizou "Un Pilota Ritorna" (o retorno de um piloto), de 1942, ano em que foi assistente de direção do francês Marcel Carné (1909-1996), no longa "Os Visitantes da Noite".
Em seu primeiro longa de ficção, "Crimes d'Alma" (1950), dirigiu Lucía Bosé, que ontem lamentou a morte do cineasta, afirmando que ele era um homem "maravilhoso", embora "muito duro e exigente" com toda a equipe nas filmagens.
Em Monica Vitti, o cineasta encontrou sua atriz-fetiche. Estrela da trilogia formada por "A Aventura", "O Eclipse" e "A Noite", Vitti foi também companheira de Antonioni, que se casou duas vezes -com Letizia Balboni, em 1942, e com Enrica Fico, em 1986.
Com prestígio confirmado na Europa por múltiplos prêmios, Antonioni vai para os Estados Unidos, onde filma seu maior sucesso, "Blow Up" (1966), baseado em conto do argentino Julio Cortázar sobre um fotógrafo que registra involuntariamente um crime.
Em conseqüência de um derrame, em 1985, ele tinha restrição de movimentos e da fala.
O corpo de Antonioni ficará hoje exposto em câmara ardente, na Prefeitura de Roma. O enterro está previsto para amanhã, em sua cidade-natal, Ferrara, no Norte da Itália.


Com agências internacionais


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