São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mônica Bergamo

bergamo@folhasp.com.br

Afinal, o que quer Maria Fernanda?

Fotos Marisa Cauduro/Folhapress
A atriz num camarim da TV Globo

Maria Fernanda Cândido ensaia a minissérie "Afinal, o que Querem as Mulheres?" e diz que só quer amor -porque beleza tem data para acabar

"Estava meio assim para votar num candidato. Pro [José] Serra (PSDB). Mas agora tô estudando. Considerando escutar um pouco mais [os outros presidenciáveis]", diz a atriz Maria Fernanda Cândido, sentada no banco da frente do carro que a TV Globo disponibilizou para levá-la do Projac, central de estúdios da emissora, no Rio, até o aeroporto.

 


Desde junho, Maria Fernanda, que mora em SP, pega a ponte aérea duas vezes por semana, para participar dos ensaios da minissérie "Afinal, o que Querem as Mulheres?", com estreia prevista para o fim do ano. Ela será Monique, "uma intelectual".

 


"Não conheço a Marina [Silva]. De repente, vou me surpreender. Ela tá subindo. Tem um frisson dos formadores de opinião. Vou jantar com ela. Não, não vou jantar. Vou assistir a uma palestra", diz, referindo-se aos encontros com os presidenciáveis que a Casa do Saber, centro de estudos do qual é sócia, quer promover (até agora, só a candidata do PV confirmou presença). "Mas olha lá! Vamos falar disso ou do meu dia?", diz ela ao repórter Leandro Nomura.

 


O dia de Maria Fernanda começa pela manhã no aeroporto de Congonhas, em SP. Com óculos escuros Pucci, blusa e valise Dior, calça da grife 7 for All Mankind e uma bolsa Hermès, "que comprei há dez anos", atrai olhares por onde passa. "É mesmo? Não reparo mais."

 


"Maria Cândida! Você é tão linda! Parabéns, viu?", diz uma funcionária do aeroporto confundindo a atriz com uma apresentadora de TV, atualmente fora do ar.

 


"Conheço todo mundo [no aeroporto]. Faço essa ginástica [bate e volta para o Rio] por conta dos filhos [Nicolas, 1, e Tomas, 4]. Tem gente que diz que dá um tempo pequeno, mas de qualidade. Mas tempo é tempo. Você não liga o cronômetro e diz: "Valendooo!"."

 


A vontade de ficar com os filhos foi um dos motivos para recusar um papel na próxima novela das 18h da Globo, "Araguaia". "Se dissesse que é [por causa da] agenda cheia de trabalho, estaria mentindo. Ia precisar ficar 45 dias no Mato Grosso. O [Marcos] Schechtman [diretor da trama] foi supersincero. Disse que o lugar que a gente ia não dava para levar crianças. E meu mais novo [Nicolas] não tem idade pra entender. Vai achar que mamãe sumiu e não volta mais."

 


Trabalhos, por enquanto, só projetos curtos ou que não necessitem de viagens longas. Além da minissérie global, produz a peça "O Demônio de Hannah", que deve estrear no ano que vem, e se prepara para interpretar a primeira vilã, a Marquesa de Merteuil, no teatro, em "Ligações Perigosas", com estreia prevista para outubro. "Ela é bem pérfida."

 


A atriz pede uma poltrona na primeira fileira do avião, "pra economizar tempo no desembarque". Senta-se na janela. Antigamente, ela tinha mania de ficar no corredor. "Passou". A obsessão por tapetes e quadros arrumados também. "Que tapete? Depois dos filhos, nunca mais teve essa de tapete simétrico! Nunca mais teve quadro no lugar! Eles brincam de bola. O tapete vai ficar como?", diz ela, que mora em uma casa, nos Jardins, com as crianças e o marido, o francês Petrit Spahija.

 


Apesar da mãe atriz, Nicolas e Tomas "não ligam pra TV". "Às vezes, eu mostro uma publicidade minha. Na verdade, eles não gostam muito dessa história [de ela ser atriz]. É como se a mãe fosse roubada. Eles querem que eu dê atenção pra eles e não para os outros". Quando está com os dois, Maria Fernanda se desculpa "educadamente" e nega fotos e autógrafos para os fãs.

 


Não está convencida de que a lei da palmada funcionará. Mas não bate nos filhos. "Acho que precisa de firmeza. Mas bater, não. Não sei se a nossa geração está acertando ou errando com isso. Na minha infância, apanhei umas boas três vezes."

 


Diz não ter muito tempo para ver TV. "Vejo [os canais pagos] Natgeo e History. Novela não dá. É bem na hora do circo, de dar banho, pôr pra dormir." Na TV aberta, gosta do "CQC", da Band. "Tem humor com consciência. Tiram satisfação dos políticos. É chocante!", afirma a atriz, revezando uma mordida no sanduíche de queijo e um gole no suco de pêssego servidos no avião.

 


Na Dior vermelha ("gosto também de bolsa verde"), além do segundo livro da trilogia "Millennium", leva um "kit sobrevivência", com barrinhas de cereal, salgadinhos, suco e um Beauty Drink de lichia e chá branco -uma bebida que, segundo o site do fabricante, age contra o envelhecimento. "É tipo uma vitamina", explica.

 


Aos 36 anos, diz que fica "observando o resultado" das plásticas em outras mulheres. "Será que tá dando certo? Mas, talvez, daqui a alguns anos eu sinta vontade de fazer algo." No momento, está satisfeita. "Ah! Eu me acho [bonita]! Mas não tenho esse negócio de: "Me acho liiiiiinda, suuupergata!'", fala fazendo bico e balançando os cabelos.

 


Posar nua não está nos planos. "Não faço julgamento. Pode ser uma boa renda. Mas, ah, não! Não tenho interesse. Por dinheiro nenhum", diz ela que nem sabe quantos convites já recebeu de revistas masculinas, "nem se já recebi". "Não chegam a mim. Minha empresária me conhece. Sabe que a resposta é sempre "não"."

 


Maria Fernanda chega ao Projac e vai para um PA -sigla de ponto de apoio, um espaço com banheiro e algumas salas que servem para ensaio, maquiagem e alimentação. Se serve de alface, tomate e bife. Senta no sofá e coloca o prato de vidro sobre o colo. Come com talheres com cabo de plástico azul e repete a salada. Sobre a falta de glamour do ambiente, diz: "Isso está no imaginário das pessoas. E não vai sair. Mas a gente não precisa de glamour para o trabalho".

 


O ensaio, que aquele dia seria de canto, começa às 14h. As atrizes tiram os sapatos para entrar na sala, decorada com tapetes e cortinas de diversos tamanhos e cores. Letícia Sabatella chega atrasada, quando as outras já aquecem a voz. Ela é uma das poucas que Maria Fernanda considera amiga, e que a chamam de Maria ou Fê. Laura Cardoso, Denise Del Vecchio, Camila Pitanga e Gabriela Duarte estão na lista. "Com filhos, minha vida social é menos agitada." Mas bem completa. "Amor, né? Pra mim, basta", diz. "Beleza acaba. É bom, mas acaba."


Texto Anterior: Programação de TV
Próximo Texto: Zona Luxo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.