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Piadas com bairro confundem moradores
Ofensas de personagem a vizinhos ofende telespectadores, mas há quem se orgulhe de ver a região na Globo
Boom imobiliário levou à abertura de shoppings e lojas de luxo na região, que tem a prosperidade retratada nas telas
Fotos Leticia Moreira/Folhapress
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A empresária Fernanda Gregorin, da nova geração de socialites do Tatuapé, posa em sua loja de bolsas no bairro e diz que, como Clô, gosta de brilhar
DE SÃO PAULO
EDITORA DE MODA
"Eu já fiz o meu "upgrade".
Só vou sair do Tatuapé para
morar no Jardim América." A
frase do estilista Jacques Leclair (Alexandre Borges), dita
para o rival Ariclenes (Murilo
Benicio), apareceu num dos
capítulo de "Ti Ti Ti".
Na ocasião, os dois personagens se cruzaram no Belenzinho, bairro da zona leste onde cresceram.
Ariclenes continua lá, mas
Jacques mudou-se e montou
até um luxuoso ateliê no Jardim Anália Franco, para ele,
a "cereja" do Tatuapé.
Num horário acima, na
trama das oito, "Passione", a
perua Clô (Irene Ravache) está na segunda fase do seu
"upgrade", em direção aos
incensados Jardins.
Clô já foi secretária, hoje é
dondoca. Já foi pobre, não
viu graça. Mais do que seu
nome, Clotilde, só odeia uma
coisa: o bairro onde mora.
Oficialmente, na Globo,
ninguém diz que essa personagem mora no Tatuapé. Porém, como muitas cenas de
Clô foram gravadas no bairro, os telespectadores chegaram a essa conclusão.
Em blogs e no Orkut, sobram comentários de gente
ofendida com a trama. "Será
que a Globo só mostra as coisas bonitas do Rio?", escreveu uma. "Se fosse nos Jardins, seria de outro jeito", diz
outro comentário.
Entre os moradores, as críticas são mais espertas. "É errado ela falar assim do Tatuapé. E não tem ninguém cafona como ela aqui", diz o estudante Rafael Conejero, 18.
À Folha, o autor, Silvio de
Abreu, tenta desfazer os enganos: "Nunca informei qual
é o bairro da Clô porque ela
só vê defeitos e eu não quero
ofender o Tatuapé nem qualquer outro bairro".
Já em "Ti Ti Ti", o ateliê de
Leclair no Tatuapé está
atraindo as patricinhas e ricas dos Jardins. E foi das lojas
do shopping Anália Franco
que saíram as roupas que farão o sucesso de Ariclenes,
quando ele se transformar no
estilista Victor Valentim (leia
mais abaixo).
"O Anália Franco é como
um Morumbizinho. Não gosto quando a Clô de "Passione"
faz as brincadeiras dela, mas
não acho que gere preconceito. Em "Ti Ti Ti", por exemplo,
falam bem daqui", pondera
Lurdes Valadares, 60, que
sempre morou no bairro.
É LUXO
A prosperidade do bairro
que aparece nas telas reflete
um grande crescimento do
mercado de moda por ali.
Muito além do shopping,
lojas e multimarcas de luxo,
não param de abrir -muitas
delas, comandadas pelos filhos dos primeiros investidores da região.
"Aqui prevalece o comércio de família, os empresários se ajudam", afirma a designer de bolsas Fernanda
Gregorin, 26, dona da butique que leva seu nome.
Representante da nova geração de patricinhas do Tatuapé, Fernanda não liga para os rótulos e admite que,
como Clô, gosta mesmo é de
brilhar. "Além de designer,
sou socialite", declara.
(CLARICE CARDOSO, PEDRO DINIZ E VIVIAN WHITEMAN)
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