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OPINIÃO
Artista é um dos últimos bons representantes da turma dos românticos
THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO
Lionel Richie é como um
dinossauro. Vaga pela Terra
à espera da extinção. Não é
culpa dele, que, aliás, é muito bom. Mas ele faz parte da
turma dos cantores românticos, e esses vão muito mal.
Nos anos 50, as vozes masculinas que embalavam as
ouvintes das rádios americanas eram brancas, como as
de Neil Sedaka e Pat Boone.
Era uma espécie de segunda geração que vinha depois
dos crooners das orquestras.
E, é claro, de Frank Sinatra.
Com a explosão do rock e
de toda a contracultura, os
cantores deram lugar a compositores, gente bem menos
romântica, como Bob Dylan,
Donovan e Cat Stevens.
O espaço dos cantores de
baladas derramadas passou
a ser ocupado pelos negros
durante as décadas de 70 e
80. Lionel Richie, tanto no
Commodores como na carreira solo, brincava nessa praia.
Talvez o melhor representante da turma fosse Luther
Vandross, mas ele, ao contrário de Richie, não cruzou a
fronteira para conquistar
também o público branco.
Nos anos 90, parece que só
havia lugar para as mulheres
na música romântica, que assistiu ao grande sucesso de
Whitney Houston, Mariah
Carey e Celine Dion.
Na última década, a vez foi
dos latinos "calientes", como Enrique Iglesias e Alejandro Sanz. Mas o poder de fogo deles é curto. Vendem
horrores, mas notadamente
onde se fala espanhol.
Uma geração romântica
atual? A julgar por James
Blunt, da enervante "You're
Beautiful", nem pensar. Melhor ouvir o velho Lionel.
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