São Paulo, domingo, 01 de agosto de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRÍTICA AÇÃO

Filmes exibem mundo hostil de Peckinpah

"Pat Garrett e Billy the Kid" e "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia" são de período conturbado do "poeta da violência"

ANDRÉ BARCINSKI
CRÍTICO DA FOLHA

Dois lançamentos em DVD jogam luz sobre um dos cineastas mais radicais de Hollywood, o americano Sam Peckinpah (1925-1984): "Pat Garrett e Billy the Kid" (1973) e "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia" (1974).
Chamado de "o poeta da violência", Peckinpah criou um estilo visual poderoso e histórias sobre homens sem esperança. Influenciou Tarantino, John Woo, Takeshi Kitano, Brian de Palma e todo o cinema de ação pós-70.
Sua marca registrada é a montagem fragmentada, em que a mesma cena é filmada de vários ângulos, com lentes variadas e diferentes velocidades, e montada de forma a obter máximo de impacto visual. Nos filmes de Peckinpah, tiroteios parecem balés. Ninguém jamais usou a câmera lenta como ele.
O tema central de sua obra é o homem em um mundo hostil. Seus personagens parecem viver na época errada: são velhos desesperançados habitando o crepúsculo da vida. Não há jovens no mundo de Peckinpah, ou alegria.
Em "Pat Garrett e Billy the Kid", Peckinpah reescreveu a história de duas lendas do oeste americano. Pat Garrett (James Coburn) e Billy the Kid (Kris Kristofferson) são ex-parceiros que se veem em lados opostos da lei. Bob Dylan compôs a música do filme e faz uma ponta.
O filme marcou um dos períodos mais conturbados da vida de Peckinpah: afundado no alcoolismo, terminou a produção com atraso e estourou o orçamento.
Irritado, o presidente do estúdio mandou cortar quase 20 minutos da versão do diretor, tornando a história incompreensível e prejudicando a bilheteria. Mas a versão que sai no Brasil é a integral. Decepcionado com Hollywood, Peckinpah foi ao México fazer "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia", rodado com uma equipe local.

AME OU ODEIE
Nas cenas iniciais, um senhor de terras mexicano põe um prêmio na cabeça do rapaz que engravidou sua filha. E a escória dos EUA e México parte atrás dele. Ao bando se junta um pianista de bordel (o fabuloso Warren Oates) que, com a ajuda de uma prostituta (Isela Vega), descobre uma pista sobre o paradeiro do fugitivo.
O filme é do tipo "ame ou odeie". Quando lançado, alguns o consideraram uma obra-prima. Outros, um dos piores filmes já feitos.
De fato, não é fácil gostar do filme: é um "road movie" sanguinolento, com personagens repulsivos e cenários que variam de bordéis imundos a cemitérios abandonados. Mas é uma das obras mais intensas e pessoais de Peckinpah e ecoa os sentimentos anti-Hollywood que ele sempre demonstrou.


PAT GARRETT E BILLY THE KID

LANÇAMENTO 2001
QUANTO R$ 29,90
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO ótimo

TRAGAM-ME A CABEÇA DE ALFREDO GARCIA

LANÇAMENTO Lume
QUANTO R$ 49,90
CLASSIFICAÇÃO 18 anos
AVALIAÇÃO ótimo



Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Teatro: "A Alma Imoral" encerra temporada
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.