São Paulo, sábado, 1 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia de Minas indicia antiquários de São Paulo

CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

A Polícia Civil de Minas Gerais vai indiciar cerca de 20 antiquários paulistas por receptação de peças sacras roubadas, encontradas em um "depósito clandestino" em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, no início desta semana.
A apreensão de 82 peças sacras foi realizada em parceria pela Delegacia Regional de São João Del Rei (MG) e o Detran de SP, a partir da prisão em flagrante de dois ladrões de imagens em Mariana (MG), em abril do ano passado.
Os restauradores Marcos Machado e Walter Antônio Gomes, acusados de roubar peças sacras, estão presos na Superintendência da PF de Belo Horizonte.
Outros acusados de integrar a quadrilha são o ex-funcionário do Detran-SP Daniel Toledo, Rosa Maria Gramche e Clarice Medrado, procurados pela polícia.
Santana Mestra
O delegado regional de São João Del Rei, Ademir Quintino, disse que não tem dúvida sobre a participação de antiquários paulistas na receptação das peças, mas não vai divulgar seus nomes porque não há provas de que eles soubessem que elas eram roubadas.
Segundo ele, no caso de má-fé a pena por crime de receptação pode chegar a quatro anos de prisão.
Um dos antiquários já indiciados trabalha na Feira de Antiguidades do Shopping Iguatemi (zona oeste de São Paulo) e chegou a oferecer R$ 9.800 a um policial, que se fazia passar por colecionador, por uma estátua roubada há 14 anos.
A imagem de Santana Mestra, do século 18, roubada em Angra dos Reis (RJ), é a principal prova contra os antiquários.
A página do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) na Internet relaciona cerca de 500 imagens roubadas no Rio e no Espírito Santo (http://www.iphan.gov.br).
Devolução
As peças foram apresentadas ontem em Belo Horizonte para serem identificadas por especialistas do Iphan e do Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais).
A maioria são estátuas de santos e crucifixos de tamanhos variados, produzidos entre os séculos 16 e 19. Pelo estilo, acredita-se que sejam procedentes de Portugal, Minas Gerais, Pernambuco e Bahia.
Há também oratórios, tocheiros (castiçais para tochas), resplendores (auréolas), ânforas, uma âmbula (vaso em que os católicos guardam os santos óleos), um cálice e coroas para as imagens.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.