São Paulo, sexta-feira, 01 de setembro de 2006

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Polícia recupera "O Grito" e "Madonna", de Munch

Os dois quadros do pintor expressionista norueguês Edvard Munch haviam sido roubados há dois anos, numa manhã de domingo, de museu em Oslo

As obras, que ainda passarão por uma análise científica, sofreram "poucos danos", segundo a polícia; ladrões não foram presos

DA REPORTAGEM LOCAL

"O Grito" e "Madonna", duas obras-primas do pintor expressionista Edvard Munch (1863-1944) roubadas há dois anos do museu Munch, em Oslo (Noruega), foram recuperadas ontem. Os quadros, disse a polícia local, estão em "bom estado", com danos "muito menores do que temíamos".
A autenticidade das pinturas foi confirmada por um especialista do museu, mas ainda será feito uma análise científica.
Iver Stensrud, responsável pelo departamento anti-crime organizado da capital norueguesa, disse ainda não ser possível trazer as obras a público e se recusou a falar sobre as circunstâncias do resgate. Afirmou apenas que foi uma "operação policial bem-sucedida" e que não foi preciso pagar a recompensa de US$ 320 mil prometida pela prefeitura de Oslo.
Os quadros foram roubados do museu em 22 de agosto de 2004, em plena manhã de domingo. Dois homens armados e mascarados ameaçaram quatro guardas desarmados, obrigaram cerca de 80 turistas a deitar no chão, tiraram os quadros da parede e fugiram num carro roubado. As cenas dos bandidos escapando com as obras -avaliadas, juntas, em US$ 100 milhões-, chegaram a ser registradas por um fotógrafo.
O assalto foi considerado pelo FBI, no ano passado, o quarto maior crime cometido contra as artes no mundo. No dia seguinte ao roubo, um jornal norueguês estampou em sua manchete: "O mundo grita".
A operação policial para recuperar as obras foi a maior já realizada na Noruega, incluindo a escuta de 70 mil conversas telefônicas, o oferecimento da recompensa e a condenação, em maio deste ano, de três envolvidos no crime -que, segundo Stensrud, não contribuíram para o resgate dos quadros. A polícia acredita que as pinturas tenham permanecido todo o tempo no país.
Os dois homens que cometeram o assalto ainda não foram localizados. Os três condenados a cerca de oito anos de prisão tinham relação com o carro usado para a fuga. Dois deles também foram condenados a pagar US$ 120 milhões para a cidade de Oslo.
A polícia trabalha com a hipótese de que a ação tenha sido ordenada pelos autores de um roubo feito numa sucursal do Banco Central da Noruega meses antes, em Stavanger, no qual morreu um policial. Assim, o roubo dos quadros de Munch teriam sido só uma manobra para "distrair" a atenção da polícia do crime anterior.
Stensrud não respondeu às perguntas sobre a informação de que um assaltante de banco preso, David Toska, teve pena reduzida após prometer informações sobre as pinturas.

Segurança
Uma porta-voz da prefeitura de Oslo disse que espera que as obras possam ser colocadas de volta a seus lugares em breve. O museu Munch, cuja segurança foi muito criticada após o ocorrido, voltou a abrir suas portas em junho do ano passado, depois de passar por obras de segurança no valor de US$ 6,4 milhões. Com a ausência dos dois famosos óleos, a direção do centro buscou em seu acervo um pastel de "O Grito" e uma litografia de "Madonna", que serviram de "paliativos".
Especialistas sempre afirmaram que as telas eram famosas demais para que pudessem ser vendidas. A imagem do rosto deformado e aterrorizado de "O Grito" se tornou símbolo da angústia humana. A obra e "Madonna" datam de 1893.
Munch pintou outras versões de "O Grito", incluindo a que foi recuperada ontem. Outra fora roubada em 1994 da Galeria Nacional de Oslo e recuperada meses depois.


Com Folha Online e agências internacionais

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