São Paulo, sábado, 01 de setembro de 2007

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Bienal do Mercosul tem artistas de 23 países

Exposição, que começa hoje em Porto Alegre, inclui obras do Líbano e do Japão

Segundo o curador-geral, a mostra, que expõe obras de 67 artistas em três espaços da cidade, é "pensada a partir do Mercosul"

FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

A 6ª Bienal do Mercosul, com abertura hoje, em Porto Alegre, começa subvertendo duplamente seu próprio nome: é menos bienal e menos Mercosul que qualquer outra edição.
Com 67 artistas de 23 países, incluindo Japão, EUA, Líbano e Suíça, para citar quatro bem distantes da região-sede, a mostra é "pensada a partir do Mercosul", segundo o curador-geral, Gabriel Perez-Barreiro. Com isso, o que até recentemente era uma vitrine de artistas da América do Sul se tornou uma exposição de caráter internacional mais amplo.
Apesar de sua parte central se espalhar por cinco imensos galpões no porto, a mostra alcançou um nível de produção sofisticado, com salas que mais parecem as de um museu.
"Nem parece Bienal", avalia outro curador da exposição, o brasileiro Moacir dos Anjos. "Aqui buscamos trabalhar mais o respeito à obra de arte, para possibilitar uma relação mais íntima entre o espectador e a obra", afirma Perez-Barreiro. Ao contrário do que ocorreu em grandes mostras recentes, como a Documenta de Kassel e a Bienal de São Paulo, não há, no Mercosul, uma relação física entre as obras. "Esse diálogo deve ser feito na cabeça de cada um", defende o curador-geral.

Módulos
Exceção à regra é o módulo Conversas, um dos três da exposição central, constituído por nove grupos de pequenas salas, cada uma com quatro artistas, selecionados por um princípio ousado: um artista escolhido pelo curador indica dois artistas, e o curador aponta o quarto.
Um dos mais surpreendentes grupos desse módulo é o que teve o brasileiro Waltercio Caldas na origem. Ele selecionou obras de Milton Dacosta e música de Steve Reich, e Perez-Barreiro acrescentou uma obra de Jesus Rafael Soto. O conjunto é dos mais vibrantes de toda a exposição.
Já no módulo Zona Franca, graças à montagem institucionalizante, cada obra pode ser observada sem dispersão, e se destacam a nova instalação de Rivane Neuenschwander, chamada "Continente-Nuvem", o vídeo de Francys Als, "Quando a Fé Remove Montanhas", no qual centenas de peruanos são convocados para mudar uma montanha de local apenas com pás, e "Marulho", de Cildo Meireles, visto na Estação Pinacoteca de São Paulo.
O terceiro módulo, ainda localizado nos armazéns do Cais do Porto, é Três Fronteiras, que contou com quatro artistas que fizeram residência na região da tríplice fronteira. O módulo é o que traz novos trabalhos para a exposição.
A Bienal do Mercosul apresenta ainda três mostras monográficas: do argentino Jorge Macchi, do uruguaio Francisco Matto (1911 - 1995) e do paulista Öyvind Fahlström (1928 -1976), que viveu em Nova York. A perspectiva de visão da carreira de cada um deles reforça o caráter institucional da mostra, propiciando um novo tempo de reflexão para as bienais.


O jornalista FABIO CYPRIANO viajou a convite da Fundação Bienal do Mercosul

6ª BIENAL DO MERCOSUL
Quando:
abertura hoje, às 10h; todos os dias, das 9h às 21h. Até 18/11
Onde: Museu de Artes do RGS (praça da Alfândega, s/nº), Santander Cultural (r. 7 de setembro, 1.028), Armazéns do Cais do Porto (Av. Mauá, 1.050), Porto Alegre
Quanto: entrada franca


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