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Veneza se entrega ao cinema em 3D
Festival internacional começa amanhã sua 66ª edição e abre espaço inédito ao filão que é a grande aposta da indústria
Seleção variada do diretor
Marco Müller reúne 75
longas e atende tanto o
cinema autoral quanto as produções de Hollywood
LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA
A mostra de cinema mais antiga do mundo começa amanhã
com os pés no futuro. Em sua
66ª edição, Veneza investe no
cinema em 3D e reserva a tais
filmes espaço inédito em um
grande festival internacional.
Cannes já havia acenado ao
formato ao exibir "Up - Altas
Aventuras" em 3D na abertura
do festival deste ano. Mas Veneza foi mais fundo. Criou um
prêmio especial ao 3D, homenageará um estúdio que investe
cada vez mais na técnica e exibirá, até o próximo dia 12, oito
longas-metragens que utilizam
imagens em três dimensões.
"Vivemos uma revolução no
campo visual e digital que não
pode ser ignorada", disse Marco Müller, diretor do Festival
de Veneza, ao justificar o interesse pelo 3D. O filão é a aposta
atual de Hollywood, pois permite cobrar mais pelos ingressos e ainda é imune à pirataria.
"Quando vi "The Hole", percebi o que significa usar a tridimensionalidade para criar um
verdadeiro corredor de acesso a
um mundo paralelo. É um filme
em que o 3D é fundamental.
Não existiria em 2D", declarou
Müller à imprensa italiana na
semana passada.
O suspense juvenil "The Hole", do veterano cineasta americano Joe Dante ("Gremlins",
1984), terá sua estreia mundial
em Veneza e é um dos 12 longas
que disputarão o prêmio de
melhor filme em 3D do ano
-muitos já estão em cartaz, como "A Era do Gelo 3".
Outro foco do 3D em Veneza
estará na homenagem da mostra ao diretor e produtor John
Lasseter e a seus colegas da
Disney/Pixar. Ele receberá de
George Lucas um Leão de Ouro
especial pela carreira e apresentará as versões em 3D de
"Toy Story 1" e "Toy Story 2",
bem como trechos inéditos do
terceiro filme da franquia.
Além de produções dos grandes estúdios dos EUA, haverá
duas animações italianas e uma
japonesa que exploram o 3D.
"Daimon" e "Cock-crow", de
David Zamagni e Nadia Ranocchi, usam uma técnica que
dá à imagem um aspecto de baixo relevo. Já o japonês Rintaro
mistura 2D e 3D no infantil
"Yona Yona Penguin".
Estrelas e autores
Novidades técnicas à parte, o
Festival de Veneza apresentará
75 longas em suas quatro divisões: Veneza 66 (a competição
pelo Leão de Ouro), Horizontes
(a mostra de cinema mais experimental), Contracampo Italiano (reservada à produção local)
e os filmes fora de competição.
Como nos últimos anos, a seleção do diretor Marco Müller
atende tanto Hollywood quanto o cinema autoral, numa salada cinematográfica que leva ao
Lido astros como os americanos George Clooney e Ewan
McGregor, que estão em "The
Man Who Stares at Goats", e diretores consagrados como o
francês Jacques Rivette, com
"36 Vues du Pic Saint Loup", e o
alemão Werner Herzog, com a
refilmagem de "Vício Frenético" (1992), de Abel Ferrara.
A mistura de Müller fica evidente em dois tributos: Sylvester Stallone receberá o Prêmio
Jaeger-LeCoultre, dedicado a
artistas que marcam o cinema,
e Akira Kurosawa, que faria
cem anos em 2010, será tema
de um painel internacional.
Os filmes de gênero também
ganham destaque na seleção.
George Romero disputa pela
primeira vez o prêmio principal de um grande festival -seus
zumbis passearão pelo Lido em
"Survival of the Dead".
Outro horror na briga pelo
Leão de Ouro é "Tetsuo, the
Bullet Man", do japonês Shinya
Tsukamoto, terceira parte de
um trilogia ciberpunk, sobre o
conflito homem-máquina.
A reserva de mercado italiana também é clara -quatro filmes nacionais concorrem ao
Leão, incluindo "Baarìa", de
Giuseppe Tornatore, longa que
abrirá o evento amanhã à noite.
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