São Paulo, terça-feira, 01 de setembro de 2009

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Veneza se entrega ao cinema em 3D

Festival internacional começa amanhã sua 66ª edição e abre espaço inédito ao filão que é a grande aposta da indústria

Seleção variada do diretor Marco Müller reúne 75 longas e atende tanto o cinema autoral quanto as produções de Hollywood


LEONARDO CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

A mostra de cinema mais antiga do mundo começa amanhã com os pés no futuro. Em sua 66ª edição, Veneza investe no cinema em 3D e reserva a tais filmes espaço inédito em um grande festival internacional.
Cannes já havia acenado ao formato ao exibir "Up - Altas Aventuras" em 3D na abertura do festival deste ano. Mas Veneza foi mais fundo. Criou um prêmio especial ao 3D, homenageará um estúdio que investe cada vez mais na técnica e exibirá, até o próximo dia 12, oito longas-metragens que utilizam imagens em três dimensões.
"Vivemos uma revolução no campo visual e digital que não pode ser ignorada", disse Marco Müller, diretor do Festival de Veneza, ao justificar o interesse pelo 3D. O filão é a aposta atual de Hollywood, pois permite cobrar mais pelos ingressos e ainda é imune à pirataria.
"Quando vi "The Hole", percebi o que significa usar a tridimensionalidade para criar um verdadeiro corredor de acesso a um mundo paralelo. É um filme em que o 3D é fundamental. Não existiria em 2D", declarou Müller à imprensa italiana na semana passada.
O suspense juvenil "The Hole", do veterano cineasta americano Joe Dante ("Gremlins", 1984), terá sua estreia mundial em Veneza e é um dos 12 longas que disputarão o prêmio de melhor filme em 3D do ano -muitos já estão em cartaz, como "A Era do Gelo 3".
Outro foco do 3D em Veneza estará na homenagem da mostra ao diretor e produtor John Lasseter e a seus colegas da Disney/Pixar. Ele receberá de George Lucas um Leão de Ouro especial pela carreira e apresentará as versões em 3D de "Toy Story 1" e "Toy Story 2", bem como trechos inéditos do terceiro filme da franquia.
Além de produções dos grandes estúdios dos EUA, haverá duas animações italianas e uma japonesa que exploram o 3D. "Daimon" e "Cock-crow", de David Zamagni e Nadia Ranocchi, usam uma técnica que dá à imagem um aspecto de baixo relevo. Já o japonês Rintaro mistura 2D e 3D no infantil "Yona Yona Penguin".

Estrelas e autores
Novidades técnicas à parte, o Festival de Veneza apresentará 75 longas em suas quatro divisões: Veneza 66 (a competição pelo Leão de Ouro), Horizontes (a mostra de cinema mais experimental), Contracampo Italiano (reservada à produção local) e os filmes fora de competição.
Como nos últimos anos, a seleção do diretor Marco Müller atende tanto Hollywood quanto o cinema autoral, numa salada cinematográfica que leva ao Lido astros como os americanos George Clooney e Ewan McGregor, que estão em "The Man Who Stares at Goats", e diretores consagrados como o francês Jacques Rivette, com "36 Vues du Pic Saint Loup", e o alemão Werner Herzog, com a refilmagem de "Vício Frenético" (1992), de Abel Ferrara.
A mistura de Müller fica evidente em dois tributos: Sylvester Stallone receberá o Prêmio Jaeger-LeCoultre, dedicado a artistas que marcam o cinema, e Akira Kurosawa, que faria cem anos em 2010, será tema de um painel internacional.
Os filmes de gênero também ganham destaque na seleção. George Romero disputa pela primeira vez o prêmio principal de um grande festival -seus zumbis passearão pelo Lido em "Survival of the Dead".
Outro horror na briga pelo Leão de Ouro é "Tetsuo, the Bullet Man", do japonês Shinya Tsukamoto, terceira parte de um trilogia ciberpunk, sobre o conflito homem-máquina.
A reserva de mercado italiana também é clara -quatro filmes nacionais concorrem ao Leão, incluindo "Baarìa", de Giuseppe Tornatore, longa que abrirá o evento amanhã à noite.


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