São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Série diz coisas que não se pode mais dizer, afirma ator

Segundo Slattery, público gosta dos personagens que agem com mulheres de uma forma "não permitida" hoje

Atores dizem também que produtor exige que textos sejam seguidos rigorosamente durante as filmagens


DE LOS ANGELES

Nos bastidores de "Mad Men", corre a história de que um dia o ator John Slattery resolveu inventar uma frase para seu personagem, o publicitário Roger Sterling, no meio da filmagem, e ouviu aos gritos: "Por que você fez isso? Não sabe que a gente já pensou nisso antes?". Era Matthew Weiner, criador e produtor executivo da série.
Quem conta a passagem é Elisabeth Moss, duas vezes indicada ao Emmy de atriz coadjuvante pelo papel de Peggy, uma garota que sofre para conseguir seu espaço e para ser ouvida no universo masculino da publicidade.
"A gente não sente que há nenhuma razão para mudar o texto", ela contou aos jornalistas no estúdio onde a série é filmada, em Los Angeles. "Tudo é meticulosamente pensado."

ROTEIRO RIGOROSO
De fato, é tão trabalhado que o ator britânico Jared Harris compara o roteiro de "Mad Men" com as peças de Shakespeare que fazia em sua terra natal.
"O rigor é bem parecido. Você não pode mudar nem a pontuação, tem que honrar cada palavra", diz Harris, explicando que os atores só recebem o roteiro na noite anterior à filmagem (e se estiverem nas cenas). "Não dá pra saber absolutamente nada."
Para Jonn Hamm, que faz o protagonista Don Draper, chamar Weiner de "ditador do roteiro" é exagero. "Ele é exigente e muito preciso sobre o que quer. É um sonho ter um chefe assim", diz.
E como explicar o fascínio que os fãs têm pelo seu personagem, um homem que trai e mente para a mulher, além de ter uma vida dupla? "Ele é mal compreendido", responde, rindo. "Acho que todo mundo entende o fato de ele ter tomado decisões erradas, de querer coisas que não deveria", explica.
Slattery, que chegou a fazer testes para o papel de Don, tem outra razão para o fascínio: "As pessoas gostam desses personagens porque eles podem dizer coisas que você não pode dizer mais, podem agir com as mulheres de uma forma que não se pode mais. A civilização progrediu", afirma. "Mas isso não significa que eles não pensem mais assim." (FERNANDA EZABELLA)


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