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Série diz coisas que não se pode mais dizer, afirma ator
Segundo Slattery, público gosta dos personagens que agem com mulheres de uma forma "não permitida" hoje
Atores dizem também que produtor exige que textos sejam seguidos rigorosamente durante as filmagens
DE LOS ANGELES
Nos bastidores de "Mad
Men", corre a história de que
um dia o ator John Slattery
resolveu inventar uma frase
para seu personagem, o publicitário Roger Sterling, no
meio da filmagem, e ouviu
aos gritos: "Por que você fez
isso? Não sabe que a gente já
pensou nisso antes?". Era
Matthew Weiner, criador e
produtor executivo da série.
Quem conta a passagem é
Elisabeth Moss, duas vezes
indicada ao Emmy de atriz
coadjuvante pelo papel de
Peggy, uma garota que sofre
para conseguir seu espaço e
para ser ouvida no universo
masculino da publicidade.
"A gente não sente que há
nenhuma razão para mudar
o texto", ela contou aos jornalistas no estúdio onde a série é filmada, em Los Angeles. "Tudo é meticulosamente pensado."
ROTEIRO RIGOROSO
De fato, é tão trabalhado
que o ator britânico Jared
Harris compara o roteiro de
"Mad Men" com as peças de
Shakespeare que fazia em
sua terra natal.
"O rigor é bem parecido.
Você não pode mudar nem a
pontuação, tem que honrar
cada palavra", diz Harris, explicando que os atores só recebem o roteiro na noite anterior à filmagem (e se estiverem nas cenas). "Não dá pra
saber absolutamente nada."
Para Jonn Hamm, que faz
o protagonista Don Draper,
chamar Weiner de "ditador
do roteiro" é exagero. "Ele é
exigente e muito preciso sobre o que quer. É um sonho
ter um chefe assim", diz.
E como explicar o fascínio
que os fãs têm pelo seu personagem, um homem que trai e
mente para a mulher, além
de ter uma vida dupla? "Ele é
mal compreendido", responde, rindo. "Acho que todo
mundo entende o fato de ele
ter tomado decisões erradas,
de querer coisas que não deveria", explica.
Slattery, que chegou a fazer testes para o papel de
Don, tem outra razão para o
fascínio: "As pessoas gostam
desses personagens porque
eles podem dizer coisas que
você não pode dizer mais,
podem agir com as mulheres
de uma forma que não se pode mais. A civilização progrediu", afirma. "Mas isso não
significa que eles não pensem mais assim."
(FERNANDA EZABELLA)
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