São Paulo, quarta-feira, 01 de setembro de 2010

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Perry vê carreira como peregrinação

De jovem religiosa que sonhava em cantar gospel, americana se tornou estrela pop desbocada e irreverente

Aos 25, Katy Perry lança novo CD, tem agenda de divulgação incessante e se mostra adepta da atividade promocional


DO "NEW YORK TIMES"

Katy Perry estava afundando. Era uma festa para ouvir seu novo álbum, "Teenage Dream", e o tema era de praia, com palmeiras, pranchas e muita areia para decorar o evento, na Midtown.
Se ela fosse Lady Gaga, talvez tivesse pedido que fosse construída uma passarela com trepadeiras de bichinhos de pelúcia ou assistentes ajoelhados; em vez disso, porém, havia apenas modelos de biquíni, comendo algodão-doce e jogando bola.
Katy Perry não ficou feliz quando viu -"não quero areia no meu sapato salto agulha", falou, fazendo beicinho e ecoando uma de suas letras. Mas ela é apenas uma garota comum que ficou famosa, então encarou o desafio com espírito esportivo e atravessou a areia, afundando seu salto a cada passo.
Depois de apresentar algumas canções, ela posou para fotos e deu autógrafos.
Na manhã seguinte, em um evento promocional na Times Square, ela estava de volta em terreno familiar, sugerindo atos sexuais com o microfone para a plateia de turistas enquanto cantava e dançava, terminando em cima de um Volkswagen. Mas tirou os saltos dessa vez -nada de estragar o carro.
O que faz parte da agenda da popstar moderna: divulgação incessante, "crossover" corporativo, desenvolvimento de marca, persona pública irreverente, exagerada.
Nos últimos anos, Perry, 25, vem mostrando ser adepta nesse tipo de atividade promocional, tendo descrito uma reviravolta improvável de cantora gospel para estrela provocante e fazendo seu público ficar atento para rastrear a autenticidade das duas encarnações.
Agora é líder nas paradas de sucesso e personalidade da cultura pop, presença constante nas páginas de fofocas, graças a seu tom desbocado e seu noivado com o desbocado comediante britânico Russell Brand; você pode acompanhar o relacionamento deles no Twitter.

PEREGRINAÇÃO
"Estou em uma peregrinação, sem dúvida", ela diz. É claro que músicos que se engajam publicamente em uma busca por realização pessoal não constituem novidade.
Mas, para Perry, que foi criada como cristã evangélica e chegou ao estrelato em meio a uma cultura de celebridades que revelam demais sobre elas mesmas, a busca tem um peso diferente.
Os princípios de sua busca podem incluir a fé (nela mesma), a devoção a sua arte e um certo tipo de materialismo consciente do que é.
Perry não tem hesitado em revelar sua ambição. "Nunca vou querer entrar neste restaurante" -palavrão- "e ouvir pessoas dizendo: "o que é mesmo que ela faz? Quem é ela ?'". Ser memorável significa ser visível e extravagante, e Katy Perry sente-se à vontade com isso.
Perry diz que Brand a conserva estável e que seus pais ainda oram por ela. Mas não enxerga contradição em sua trajetória fora do comum. "Eu sou porque eu me fiz", disse ela, para então se corrigir: "Deus me fez, mas eu tentei fazer acontecer".
O que a Katy de 15 anos, cujo sonho adolescente era virar estrela gospel, pensaria de sua vida agora? "Ficaria espantada e emocionada. E diria: "vista uma roupa!"."

Tradução de Clara Allain



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