São Paulo, quinta-feira, 01 de setembro de 2011 |
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CRÍTICA DRAMA Peça do Teatro de Narradores tece laços entre cidadão e teatro LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA Uma cena em busca da cidadania. "Cidade Fim/Cidade Coro/Cidade Reverso", do Teatro de Narradores, resgata com maestria a relevância cívica do espetáculo teatral. Concebida e dirigida por José Fernando de Azevedo, a montagem transcorre entre a sede da companhia e um trecho da rua 13 de Maio, no Bexiga, em São Paulo. A dramaturgia, de Azevedo e Lucienne Guedes, costura um discurso quase lírico, de caráter filosófico, com depoimentos colhidos de moradores do bairro. Procura-se, nessa soma de vozes estranhas entre si, restabelecer o sentido mais nobre do coro, quando ele refletia e ecoava todas as aspirações e crises dos cidadãos espectadores. A narrativa desenvolve-se em três partes bem diversas, mas pertinentes a uma mesma estrutura serial que opera por repetições. "Cidade Fim" é cinematográfica e radiofônica. Combina a projeção de cenas mudas, retratando personagens extraídos da história do movimento operário em São Paulo nos anos 1970, com falas enunciadas pelos atores ao vivo e no escuro. A voz autoral aqui não narra, apenas ecoa incertezas sobre o engajamento político. "Cidade Coro" traz os ótimos cinco atores sentados diante do público, em cenário doméstico estilizado. Carregam as falas de pessoas entrevistadas e participam de um jogo de improviso imposto pelo diretor, que os mantêm tensos, obrigados a alternarem entre duas narrativas distintas. Aqui já se insinua uma voz de coro. "Cidade Reverso" ocorre na rua. Os atores desdobram fragmentos das histórias que enunciaram antes, atuando entre carros e junto aos fregueses dos bares. Vestidos com grandes saias brancas, eles se tornam alegorias de uma teatralidade em crise. Vislumbra-se um efêmero coro de diferenças no momento mais belo da encenação da peça. José Fernando de Azevedo e seu coletivo revelam-se um dos grupos mais criativos entre aqueles que procuram novos caminhos para o teatro político. Somando suas dúvidas às vozes de cidadãos comuns, eles oxigenam a cidade e o teatro. CIDADE FIM/CIDADE CORO/CIDADE REVERSO QUANDO sextas, sábados e domingo, às 19h; até 18/9 ONDE Espaço Maquinaria (r. 13 de Maio, 240 - 2º andar; tel. 0/xx/11/3853-3651) QUANTO grátis CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO ótimo Texto Anterior: Beatriz Segall vive conflito de geração em novo espetáculo Próximo Texto: Paulistas fotografam as Torres Gêmeas Índice | Comunicar Erros |
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