Hans Haacke/Reprodução

Instalação "Standort Merry-Go-Around" (1997), de Haacke, em Müster, na Alemanha

CAMILA VIEGAS
especial para a Folha

As relações entre interferências artísticas e urbanismo em metrópoles como São Paulo são tão complexas que o Arte/Cidade e o Sesc estão trazendo artistas e arquitetos para discutir o assunto.
O primeiro artista a participar do ciclo de debates "Intervenções em Megacidades" foi o polonês Krysztof Wodiczko, que apresentou seu trabalho em junho deste ano. Agora está na cidade o artista alemão radicado em Nova York, Hans Haacke.
Ele falará no Instituto Goethe, amanhã, às 20h, sobre seus principais projetos, e no Sesc Vila Mariana, na quinta-feira, no mesmo horário, para participar de um debate, coordenado pelo artista plástico Ricardo Basbaum, com convidados.
A idéia é preparar artistas, críticos e público para uma exposição que integra o projeto Brasmitte e ainda não tem data prevista para ser realizada.
"A vinda desses artistas estabelece parâmetros e serve como instrumento para quando a mostra for montada", explica Nelson Brissac Peixoto, coordenador do projeto.
As intervenções urbanas de Haacke são planejadas a partir de conexões entre economia, sociedade, política e arte. "Standort Merry-Go-Round" (Alemão Merry-go-round), apresentada em Münster, Alemanha, em 97, tenta exemplificar essa ligação.
Tratava-se de um cilindro de tábuas rudimentares de madeira, com um carrossel dentro. O público podia ver o objeto entre as frestas deixadas pela irregularidade das tábuas.
O trabalho estava relacionado com um monumento de 1907, erguido em homenagem a Bismarck e a três guerras lideradas por ele e vencidas pela Alemanha: contra Dinamarca, Áustria e França, todas em 1871.
"As figuras do monumento correspondiam às figuras do carrossel com seus cavalos e leões", diz. Haacke imprimiu o movimento apenas sugerido pelo monumento ao carrossel, que, além de iluminado com luz neon, tocava o hino nacional alemão gravado em órgão e tocado em alta rotação para parecer música de circo.
Muitas de suas obras provocam reações violentas das instituições e dos governos citados por elas. O episódio mais famoso que iniciou sua série político-social ocorreu em 1971, quando o Guggenheim de Nova York cancelou uma mostra individual do artista dois meses antes da abertura. "Shapolsky et al. Manhattan Real Estate Holdings, a Real System, as of May 1, 1971" foi apresentada na última Documenta de Kassel e merece perguntas durante os debates desta semana.
O próximo palestrante convidado pelo projeto Arte/Cidade é o criador e crítico norte-americano de arquitetura virtual Marcos Novak.


Debate: Intervenções Urbanas Com: Hans Haacke
Quando: amanhã (Instituto Goethe), e quinta-feira (Sesc Vila Mariana), sempre às 20h.
Onde: Instituto Goethe (r. Lisboa, 974, Pinheiros, tel. 280-4288) e Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141, Vila Mariana, tel. 5080-3096)
Quanto: Entrada franca



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