DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das características da arte de Antoni Tàpies faz especialmente importante a organização de sua presente mostra brasileira, que abre amanhã em São Paulo, e depois segue às unidades do Rio e de Brasília do CCBB.
Além de ser reconhecido pela sua riqueza gráfica, pela beleza de suas pinceladas, com grande inspiração na tradição zen da busca de "uma pintura só que retrate o mundo todo", o artista catalão é um mestre da experimentação com os materiais.
Qualquer manual de pintura atualizado, assim como ensaios sobre sua obra feitos por grandes nomes, de George Bataille a Julio Cortázar, fala da riqueza das texturas criadas por Tàpies.
Feitas com grande acúmulo de materiais em sua superfície, seja areia, pó de mármore, espuma etc., muitas de suas telas chegam quase ao status de esculturas.
Tàpies disse à Folha estar certo de que os brasileiros conhecem sua obra, por estar muito retratada em livros e catálogos. Mas a presença "corpórea" de suas pinturas muda bem esse quadro.
A mostra do CCBB, feita com obras da galeria Lelong, com sedes em Paris e Zurique, reúne 20 telas, quase todas dos anos 80 e 90 (e duas telas pós-2000, das mais figurativas da mostra, retratos de homens nus), mas ainda assim boas amostras da linguagem que o artista emprestou a mais de 7.000 obras.
Além das pinturas, de grandes dimensões, estão à mostra alguns conjuntos de gravuras, no terceiro andar do prédio, e uma seleção de cartazes (entre eles o feito para o torneio de tênis de Roland Garros de 2000, vencido por Guga), obras que evidenciam o traçado vigoroso do artista. (CEM)