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CRÍTICA
Em 2º disco, cantora usa o direito de errar, mas não deixa de acertar
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
"Eu tenho o direito de estar
errada." É com essa frase
que Joss Stone abre "Mind, Body
and Soul", álbum que a adolescente-sensação vem declarando à
imprensa ser sua estréia de fato. E
ela realmente tem razão tanto na
consideração que faz em disco
quanto no que diz aos jornalistas.
Comecemos pela última afirmação: "The Soul Sessions"
(2003) era um conjunto de regravações que homenageava os cânones da soul music dos 60/70.
Além da extraordinária voz de
Stone e da espontaneidade envolta no projeto, seu sucesso (2,5 milhões de cópias) muito se valeu da
atraente história, midiaticamente
falando, da linda inglesinha de só
16 anos que seria o espírito redivivo de Aretha Franklin.
Não tardou, porém, para que
Joss Stone fosse posta como apenas uma eficiente máquina recicladora de pérolas do gênero. É aí
que "Mind" surge como resposta
a isso e como sua "estréia de fato".
De suas 14 músicas, 12 são co-assinadas pela garota. E percebe-se um claro esforço para posicionar Stone como uma cantora que
não deve nada a qualquer artista
do R&B norte-americano de hoje.
No entanto é no afã de atualizar
o som da menina que o disco derrapa. "You Had me", o primeiro
single, é um genérico de Beyoncé
que não diz muito. O reggae frouxo "Less Is More" revela uma tentativa de ampliar o escopo musical de Stone sem abandonar um
terreno seguro. E é essa falta de
ousadia que acaba sendo o seu
"direito de estar errada" que canta em "Right to Be Wrong".
Mas Stone encanta em delícias
como "Snakes and Ladders",
"Don't Know How" e "Killing Time" (esta escrita com a Portishead Beth Gibbons) e nota-se que
várias outras possibilidades poderiam ser exploradas com sua voz.
Existe um vulcão adormecido, e a
boa notícia é que ainda há tempo
para acontecer a erupção.
Mind, Body and Soul
Artista: Joss Stone
Gravadora: EMI
Quanto: R$ 35, em média
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