São Paulo, sábado, 01 de outubro de 2005

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No premiado "Tudo se Ilumina", o autor Jonathan Safran Foer usa humor e realismo mágico para narrar a busca por seu passado na Ucrânia; romance vira filme

Viagem insólita

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Em 1998, aos 21 anos, o norte-americano Jonathan Safran Foer, judeu aspirante a escritor, viajou à Ucrânia para visitar a aldeia (o que restou dela) onde vivia o avô. Tentava encontrar a mulher que ajudou seu avô a fugir do local quando tropas nazistas destruíram o vilarejo na Segunda Guerra.
"Estive lá por apenas três dias, e as experiências por que passei não foram incomuns, não encontrei ninguém com um monte de estranhas caixas em casa. Aconteceu tão pouca coisa que não imaginava que poderia tirar um romance dali. Teria de criar situações", contou Foer à Folha, por telefone.
Ele criou essas situações, que formam o livro "Tudo se Ilumina", lançado nos EUA e na Europa em 2002, que chega às livrarias brasileiras nos próximos dias.
Então, à história: um judeu aspirante a escritor, chamado Jonathan Safran Foer, viaja à Ucrânia para visitar a aldeia (ou o que restou dela) onde vivia seu avô. Tentava encontrar a mulher que ajudou seu avô a fugir do local quando tropas nazistas destruíram o vilarejo na Segunda Guerra.
Às situações: ao chegar à Ucrânia, Safran Foer encontra-se com Alex Perchov, que, apesar de falar um inglês trôpego, será seu tradutor durante a viagem. Para guiá-los, Alex chama seu avô, homem que, após a morte da mulher, passou a acreditar que ficou cego.
A partir daí, "Tudo se Ilumina" cresce por meio de duas narrativas: a de Alex, que, mesmo com seus problemas com a língua, é quem relata a viagem, e a de Jonathan, sobre a trajetória de Trachimbrod, a aldeia, e de seus antepassados, desde o séc. 18 até 1941.
A perseguição aos judeus é tema fundamental no livro, mas "Tudo se Ilumina" é menos sobre o Holocausto e mais sobre perda, amizade, conservação da memória. Em seu primeiro livro -neste ano publicou o segundo, "Extremely Loud and Incredibly Close" (extremamente alto e incrivelmente perto)- Safran Foer, o escritor, vai do humor seco e certeiro ao realismo mágico e tornou-se um dos escritores mais celebrados (e odiados) dos EUA.
A elogiada obra rendeu a ele, entre outros, o Guardian First Book Prize, prêmio anual concedido pelo jornal britânico "The Guardian" à melhor estréia literária, e o título de livro do ano segundo os críticos do norte-americano "Los Angeles Times".
Não é exagero: "Tudo se Ilumina" está entre os mais instigantes livros publicados recentemente, daqueles que nos marcam e fincam raízes. Foi transformado em filme, "Uma Vida Iluminada", que estréia no país em 14 de outubro (antes é exibido no Festival do Rio).


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