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No premiado "Tudo se Ilumina", o autor Jonathan Safran Foer usa humor e realismo mágico para narrar a busca por seu passado na Ucrânia; romance vira filme
Viagem insólita
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1998, aos 21 anos, o norte-americano Jonathan Safran Foer,
judeu aspirante a escritor, viajou à
Ucrânia para visitar a aldeia (o
que restou dela) onde vivia o avô.
Tentava encontrar a mulher que
ajudou seu avô a fugir do local
quando tropas nazistas destruíram o vilarejo na Segunda Guerra.
"Estive lá por apenas três dias, e
as experiências por que passei não
foram incomuns, não encontrei
ninguém com um monte de estranhas caixas em casa. Aconteceu
tão pouca coisa que não imaginava que poderia tirar um romance
dali. Teria de criar situações",
contou Foer à Folha, por telefone.
Ele criou essas situações, que
formam o livro "Tudo se Ilumina", lançado nos EUA e na Europa em 2002, que chega às livrarias
brasileiras nos próximos dias.
Então, à história: um judeu aspirante a escritor, chamado Jonathan Safran Foer, viaja à Ucrânia
para visitar a aldeia (ou o que restou dela) onde vivia seu avô. Tentava encontrar a mulher que ajudou seu avô a fugir do local quando tropas nazistas destruíram o
vilarejo na Segunda Guerra.
Às situações: ao chegar à Ucrânia, Safran Foer encontra-se com
Alex Perchov, que, apesar de falar
um inglês trôpego, será seu tradutor durante a viagem. Para guiá-los, Alex chama seu avô, homem
que, após a morte da mulher, passou a acreditar que ficou cego.
A partir daí, "Tudo se Ilumina"
cresce por meio de duas narrativas: a de Alex, que, mesmo com
seus problemas com a língua, é
quem relata a viagem, e a de Jonathan, sobre a trajetória de Trachimbrod, a aldeia, e de seus antepassados, desde o séc. 18 até 1941.
A perseguição aos judeus é tema
fundamental no livro, mas "Tudo
se Ilumina" é menos sobre o Holocausto e mais sobre perda, amizade, conservação da memória.
Em seu primeiro livro -neste
ano publicou o segundo, "Extremely Loud and Incredibly Close"
(extremamente alto e incrivelmente perto)- Safran Foer, o escritor, vai do humor seco e certeiro ao realismo mágico e tornou-se
um dos escritores mais celebrados (e odiados) dos EUA.
A elogiada obra rendeu a ele,
entre outros, o Guardian First
Book Prize, prêmio anual concedido pelo jornal britânico "The
Guardian" à melhor estréia literária, e o título de livro do ano segundo os críticos do norte-americano "Los Angeles Times".
Não é exagero: "Tudo se Ilumina" está entre os mais instigantes
livros publicados recentemente,
daqueles que nos marcam e fincam raízes. Foi transformado em
filme, "Uma Vida Iluminada",
que estréia no país em 14 de outubro (antes é exibido no Festival do
Rio).
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