|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
Weir vê jornalismo com originalidade
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Repórteres são sempre ótimos personagens. Ou pelo menos parecem ser. Digamos que
o jornalismo rendeu material
ao cinema americano por dois
lados que ele aprecia: a virtude
e a canalhice. Os exemplos de
virtude são mais raros.
Ninguém negará que a transformação de Jean Arthur em "A
Mulher Faz o Homem" conta a
favor dessa categoria. E o Truman Capote de "Capote", com a
paixão por seu objeto, ou o
Clint Eastwood de "Crime Verdadeiro", com sua paixão pela
verdade, não a desonram.
No outro extremo temos desde o canalha de "A Montanha
dos Sete Abutres" até o "Cidadão Kane", com seu poder desmedido e descontrolado.
Em "O Ano que Vivemos
em Perigo" (TCM, 22h), Peter
Weir nos dá uma visão original
da atividade jornalística, porque o julgamento moral é secundário. Estamos em Jacarta,
Indonésia, no momento do golpe de Estado contra Sukarno,
em 1965. Mel Gibson é o jornalista que tem na pessoa de Sigourney Weaver uma fonte (ela
é da diplomacia britânica) e
uma amante. O que virá primeiro? O dilema moral vai
existir, e nele interferirá Linda
Hunt, que faz o papel de um fotógrafo (homem).
Mas o que mais chama a
atenção é a maneira como Weir
explora a paisagem, em particular os exteriores de Jacarta.
Estávamos em 1982. Não se conhecia tanto Gibson e Weaver.
Weir era um novato. Seu filme
prometia muito mais do que
ele foi capaz de cumprir.
Texto Anterior: Novelas da semana Próximo Texto: Teatro: Associação incentiva projetos de espetáculos Índice
|