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MÚSICA
Site americano "Conservative Punk" critica liberais
Movimento com punks atípicos diz que votará em Bush amanhã
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
O punk -como se conhecia-
está morto. O movimento que
tanto foi identificado com a contestação a qualquer tipo de autoridade abriga hoje uma parcela que
amanhã, dia "D" das eleições nos
EUA, votará em George W. Bush.
E com toda a convicção.
"O lado "direito" do punk" é como se autodenomina um grupo
que tem ganhado corpo através
do site "Conservative Punk"
(www.conservativepunk.com),
lançado no final de janeiro deste
ano por Nick Rizzuto, 23, ex-vocalista de uma obscura banda
chamada Wax-Off e que hoje trabalha em uma rádio de Nova
York. Seu site reúne oficialmente
20 conjuntos simpatizantes da
causa pró-republicana e já recebeu mais de 1 milhão de visitas
desde a sua inauguração.
De acordo com o próprio "Conservative Punk", a idéia do movimento é: 1. Informar a juventude
de hoje que está identificada com
a cena punk sobre fatos, e não sobre rumores ou teorias conspiratórias; 2. Encorajar a juventude de
hoje a votar e a se engajar na política; 3. Encorajar os jovens votantes a tirarem suas próprias conclusões em vez de serem doutrinados por um determinado modo de pensar.
Além desses preceitos, o "Conservative Punk" tem dedicado um
bom espaço a desancar o candidato democrata John Kerry, o cineasta Michael Moore e outros
destacados nomes considerados
liberais (termo que é popularmente equivalente a "de esquerda" nos Estados Unidos).
Com uma interpretação pouco
comum da filosofia punk, Rizzuto
diz que se sente discriminado,
mas que é tão punk quanto os outros. "Sendo um jovem conservador na América, tenho me sentido
alienado pela cultura jovem. Especialmente quando você é um
punk conservador é difícil que as
pessoas olhem além de suas crenças políticas. Nós somos tão punk
quanto os outros, mas como uma
perspectiva diferente."
Leia a seguir trechos da entrevista à Folha, feita por e-mail,
com o criador do site.
Folha - Como é possível conciliar
os valores conservadores aos valores do movimento punk? Não é
uma contradição?
Nick Rizzuto - Bem, nós, como
conservadores, acreditamos firmemente na idéia e na importância da responsabilidade pessoal e
na limitação da interferência do
governo em nossas vidas. Na minha opinião e na de muitas pessoas esse conceito está em consonância com a natureza independente do punk.
Folha - Você recebe algum tipo de
apoio do Partido Republicano?
Rizzuto - Nós fomos contatados
por algumas instituições ligadas
aos republicanos, mas nada especificamente vindo do partido. E,
para falar a verdade, esse tipo de
independência é conveniente.
Folha - Quais serão as conseqüências se John Kerry for eleito?
Rizzuto - Acredito que nós voltaremos a uma política de distensão
em relação a Estados que patrocinam e abrigam terroristas, como
ocorreu na gestão de Bill Clinton.
Essa política irá prejudicar não só
os Estados Unidos, como o resto
do mundo, e será decisiva para
nos enterrar.
Folha - Qual é a sua opinião sobre
Bush? Ele é a pessoa certa para comandar os EUA?
Rizzuto - Não acredito que Bush
seja o presidente perfeito e não
concordo com 100% de suas decisões, mas prefiro ele a Kerry.
Acredito em uma postura agressiva em relação ao terrorismo, e é
algo que Kerry ainda tem que
provar se será capaz de adotá-la.
Folha - Ao menos musicalmente,
você admira bandas fundamentais
do punk como Dead Kennedys e
Clash, que provavelmente não concordariam com suas posições?
Rizzuto - Ainda ouço e admiro
essas bandas. Sem elas o punk
rock não existiria. Eu ainda consigo separar a música da política. E
creio que o Clash é um grupo fundamental como influência a respeito da idéia geral sobre uma
consciência social. E isso tem uma
importância igual tanto para conservadores ou liberais.
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