São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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MÚSICA

Site americano "Conservative Punk" critica liberais

Movimento com punks atípicos diz que votará em Bush amanhã

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

O punk -como se conhecia- está morto. O movimento que tanto foi identificado com a contestação a qualquer tipo de autoridade abriga hoje uma parcela que amanhã, dia "D" das eleições nos EUA, votará em George W. Bush. E com toda a convicção.
"O lado "direito" do punk" é como se autodenomina um grupo que tem ganhado corpo através do site "Conservative Punk" (www.conservativepunk.com), lançado no final de janeiro deste ano por Nick Rizzuto, 23, ex-vocalista de uma obscura banda chamada Wax-Off e que hoje trabalha em uma rádio de Nova York. Seu site reúne oficialmente 20 conjuntos simpatizantes da causa pró-republicana e já recebeu mais de 1 milhão de visitas desde a sua inauguração.
De acordo com o próprio "Conservative Punk", a idéia do movimento é: 1. Informar a juventude de hoje que está identificada com a cena punk sobre fatos, e não sobre rumores ou teorias conspiratórias; 2. Encorajar a juventude de hoje a votar e a se engajar na política; 3. Encorajar os jovens votantes a tirarem suas próprias conclusões em vez de serem doutrinados por um determinado modo de pensar.
Além desses preceitos, o "Conservative Punk" tem dedicado um bom espaço a desancar o candidato democrata John Kerry, o cineasta Michael Moore e outros destacados nomes considerados liberais (termo que é popularmente equivalente a "de esquerda" nos Estados Unidos).
Com uma interpretação pouco comum da filosofia punk, Rizzuto diz que se sente discriminado, mas que é tão punk quanto os outros. "Sendo um jovem conservador na América, tenho me sentido alienado pela cultura jovem. Especialmente quando você é um punk conservador é difícil que as pessoas olhem além de suas crenças políticas. Nós somos tão punk quanto os outros, mas como uma perspectiva diferente."
Leia a seguir trechos da entrevista à Folha, feita por e-mail, com o criador do site.

 

Folha - Como é possível conciliar os valores conservadores aos valores do movimento punk? Não é uma contradição?
Nick Rizzuto
- Bem, nós, como conservadores, acreditamos firmemente na idéia e na importância da responsabilidade pessoal e na limitação da interferência do governo em nossas vidas. Na minha opinião e na de muitas pessoas esse conceito está em consonância com a natureza independente do punk.

Folha - Você recebe algum tipo de apoio do Partido Republicano?
Rizzuto
- Nós fomos contatados por algumas instituições ligadas aos republicanos, mas nada especificamente vindo do partido. E, para falar a verdade, esse tipo de independência é conveniente.

Folha - Quais serão as conseqüências se John Kerry for eleito?
Rizzuto
- Acredito que nós voltaremos a uma política de distensão em relação a Estados que patrocinam e abrigam terroristas, como ocorreu na gestão de Bill Clinton. Essa política irá prejudicar não só os Estados Unidos, como o resto do mundo, e será decisiva para nos enterrar.

Folha - Qual é a sua opinião sobre Bush? Ele é a pessoa certa para comandar os EUA?
Rizzuto
- Não acredito que Bush seja o presidente perfeito e não concordo com 100% de suas decisões, mas prefiro ele a Kerry. Acredito em uma postura agressiva em relação ao terrorismo, e é algo que Kerry ainda tem que provar se será capaz de adotá-la.

Folha - Ao menos musicalmente, você admira bandas fundamentais do punk como Dead Kennedys e Clash, que provavelmente não concordariam com suas posições?
Rizzuto
- Ainda ouço e admiro essas bandas. Sem elas o punk rock não existiria. Eu ainda consigo separar a música da política. E creio que o Clash é um grupo fundamental como influência a respeito da idéia geral sobre uma consciência social. E isso tem uma importância igual tanto para conservadores ou liberais.


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