São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2011

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35ª MOSTRA DE SP / CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Herzog aborda os significados da arte em filme assombroso

CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA

Levar nossos olhos a lugares e épocas inacessíveis ou inexistentes é inclinação persistente do cinema. Em "Caverna dos Sonhos Esquecidos", Werner Herzog atualiza esse projeto com o arsenal tecnológico disponível hoje.
O documentário mergulha nos meandros da caverna de Chauvet, descoberta na França em 1994, que reúne o mais importante conjunto de arte pré-histórica já encontrado.
Para tornar a viagem no tempo ainda mais espetacular, Herzog captou as imagens em 3D, compartilhando sua admiração pelo que chama de "verdade extática", a revelação que produz assombro.
Logo na primeira imagem no interior da caverna, a estereoscopia nos coloca numa situação de imersão e oferece sensações do espaço em profundidades, agregando percepções adequadas dos volumes nas figuras de animais representados.
Mas Herzog não se contenta em oferecer um registro visual equivalente aos de parques de atrações. As entrevistas com cientistas e artistas que mapeiam o interior de Chauvet abrem outras portas.
A mais importante refere-se aos significados da arte. A representação arcaica de formas da natureza, figurativa ou simbolicamente, coincide, enquanto impulso criativo, com a produção de imagens que o cineasta faz com recursos de última geração.
Outra faz pensar que os homens das cavernas já praticavam, por meio da sugestão de movimentos, a apreensão da vida que passamos a fazer com câmeras.
Face à evaporação da distância entre o arcaico e o futurista, emerge a questão essencial: o que deixamos de ser e o que ainda somos?
Dentro da "Caverna dos Sonhos Esquecidos" o diretor volta às origens de seu cinema e da humanidade com um espetáculo assombroso.

CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS
DIREÇÃO Werner Herzog
QUANDO amanhã, às 19h, no Cine TAM
CLASSIFICAÇÃO livre
AVALIAÇÃO ótimo


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