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Com internet, independentes viram febre
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Crise na indústria musical? Que
crise? Quem tem ouvidos no som
e olhos na tela do computador sabe que nunca a música viveu tempos tão vibrantes. Ninguém mais
se espanta hoje se o pequeno grupo carioca ForFun ter em seu site
tantas visitas únicas quanto a megabanda inglesa Oasis. Ninguém
fala "Não acredito" quando ouve
que o veterano grupo americano
Pearl Jam só está tocando aqui
nesta semana porque um grupo
de fãs brasileiros armou o barraco
virtual e mandou insistentes pedidos on-lines para o quarteto de
Seattle descer à América do Sul
pela primeira vez.
Quando em 1999 o programa de
troca de músicas Napster tomou
de assalto a indústria de entretenimento, estava anunciada a "sede
oficial da revolução da nova música". Agora que 2005 está acabando, o programa MySpace está
mais que consagrado como a "nova nova nova nova sede da revolução da nova música". Até que no
ano que vem outro programa surja e faça o MySpace parecer tão
antigo quanto um gramofone.
O MySpace, conhecido como o
"Orkut dos Artistas" porque junta
amizade, bandas e MP3s, assombra as inter-relações virtuais com o mundo real e faz de bandas como o
grupelho inglês Arctic Monkeys
os novos Beatles indies.
Há dois anos, o Arctic Monkeys
fizeram umas musiquinhas no
quarto de sua casa, em Sheffield.
Sem ter coisa melhor que fazer,
postaram em site, entraram no
MySpace, fizeram novos amiguinhos na internet, anunciaram
seus showzinhos em botecos.
Em outubro último, depois de
lotar shows em Londres e Nova
York sem ter nada lançado oficialmente, soltaram no mercado
inglês um single, "I Bet that You
Look Good on the Dancefloor".
Foram direto para o primeiro lugar das paradas, desbancaram o
popular e aparatado Sugababes
do trono e fizeram pensar os caras
que financiaram o terceiro álbum
do Coldplay -como uma bandinha daquelas conseguiram o que
o milionário grupo de Chris Martin, que gastou semanalmente
cerca de R$ 200 mil de aluguel de
estúdio para fazer o novo disco,
não conseguiu?
No Brasil, o site TramaVirtual,
braço "esperto" na internet da
gravadora "convencional" Trama, uma espécie de MySpace com
mais música e menos amizade,
abriga bandas pequenas sem contrato e também cria aqui seus mitos modernos. O exemplo reluzente é o paulistano Cansei de Ser
Sexy, que graças a ações na internet já tocou em megafestival e ganhou página de destaque no jornal britânico "The Observer".
Os sucessos de MySpace e TramaVirtual é tamanho que os sites
já lançam CDs "reais" no mercado de discos. Como disse o título
de reportagem recente do diário
inglês "Guardian", "Click your
mouse and say "Yeah'!".
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