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Livro revê a história de João Carlos Martins
"A Saga das Mãos" relata a iniciação sexual, o envolvimento na vida política e as enfermidades que o levaram a abandonar o piano
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois do cinema, a história
do pianista e regente João Carlos Martins agora virou livro. A
Editora Campus acaba de lançar "A Saga das Mãos", biografia escrita em parceria com Luciano Ubirajara Nassar.
Nas telas, ele já foi tema de
dois filmes: "Rêverie Sonho",
dirigido por Jonathan Kennivé
e Tim Heirman, recentemente
lançado em DVD pela Atração
Fonográfica; e "A Paixão Segundo Martins" (2003), da alemã Irene Langemann.
Centrado na história pessoal
de Martins, o livro lembra especialmente este último filme.
Porque, a exemplo do documentário de Langemann, aborda desde a iniciação sexual do
artista em Cartagena, na Colômbia, até seu envolvimento
com a política, passando pelas
diversas enfermidades que culminaram por levá-lo a abandonar o teclado e se encaminhar
para a regência.
"A Saga das Mãos" começa
com aquele que, em Londres,
em 1998, seria o último concerto de Martins como pianista. E
conta a história do acidente de
trabalho que levou José, pai do
artista a, ainda menino, ter decepado um dos dedos de sua
mão direita, encerrando seu sonho de tocar piano.
Daí por diante, Martins narra
sua trajetória artística, realizando a aspiração paterna de se
tornar artista do teclado. Estão
ali as aulas com José Kliass, os
triunfos iniciais e o começo da
carreira internacional.
A narrativa é temperada com
anedotas da vida musical do
musicista. Ele fala sem pudores
de todos seus casamentos e
desfila episódios protagonizados por personalidades tão díspares como Emerson Fittipaldi
e Leonard Bernstein, passando
por Daniel Barenboim, Itzhak
Perlman, Dave Brubeck, Zubin
Mehta, Nelson Freire e Guiomar Novaes, entre outros.
Também não faltam detalhes
das idas e vindas ao teclado, começando com a célebre contusão em um bate-bola com o time da Portuguesa, em Nova
York, e passando por episódios
como a agressão violenta de assaltantes na Bulgária, nos anos
90, até a decisão final de largar
as atividades pianísticas.
A relação com o deputado federal Paulo Maluf é igualmente
contemplada, contando, por
exemplo, a legendária apresentação do "Hexameron", de
Liszt, na qual o então governador do Estado de São Paulo subiu ao palco para tocar piano ao
lado de cinco dos maiores nomes brasileiros do instrumento
à época. Martins fala, ainda, do
episódio que ficou conhecido
como "caso Pau-Brasil", e em
que seu nome foi envolvido em
acusações de financiamento
ilegal da campanha de Maluf.
Ele aborda, por fim, sua volta
por cima, o retorno à música e a
recente carreira de maestro,
com a Orquestra Bachiana.
A SAGA DAS MÃOS
Autor: João Carlos Martins e Luciano Ubirajara Nassar
Editora: Campus/Elsevier
Quanto: R$ 34,90 (192 págs.)
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