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crítica
Comédia é mais do mesmo com nova embalagem
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
A campanha de lançamento de "Se Eu Fosse Você 2" usa frase
que pode adquirir duplo sentido: "Um raio cai duas vezes
no mesmo lugar".
Sim, Cláudio (Tony Ramos) e Helena (Glória Pires)
vão trocar novamente de
corpo. As continuações de
filmes bem-sucedidos costumam funcionar assim -mais
do mesmo, em nova embalagem.
O tal "raio" lembra também, no entanto, uma circunstância de mercado. Como já havia ocorrido com o
primeiro longa, visto nos cinemas em 2006 por 3,6 milhões de espectadores, ele estreia em janeiro, período historicamente favorável para
comédias. Estão depositadas
em seu desempenho as esperanças de largada positiva
para o cinema brasileiro em
2009.
De qualquer forma, a responsabilidade lhe cai bem.
É altamente improvável
que faça feio nas bilheterias
diante do cuidado com que
os ingredientes foram novamente processados para que
o resultado pareça familiar
ao espectador e, ao mesmo
tempo, seja capaz de lhe oferecer novidades.
Anos depois da primeira
troca de corpos, Cláudio e
Helena já não se lembram
mais do que aprenderam
com a insólita experiência.
Uma briga entre os dois o leva a sair de casa e a hospedar-se provisoriamente no apartamento de Nelsinho, o amigo conquistador (Cássio Gabus Mendes).
Quando pequenos equívocos levam o casal a discutir
oficialmente a separação, a
mágica ocorre outra vez
-mas, tanto na vinda quanto
na ida, obedecerá a trâmites
ligeiramente distintos. Não é
apenas por aí, contudo, que a
trama se refresca. À troca de
corpo em fase de pesada beligerância conjugal, soma-se a
gravidez da filha de 18 anos
(Isabelle Drummond).
Assim, o humor se alimenta, em primeiro lugar, do que
fazem "Tony Pires" e "Glória
Ramos" (como brinca o cartaz do filme) às voltas com os
trejeitos do sexo oposto. A
partida de futebol em que
Cláudio se comporta como
um marciano efeminado é
um bom exemplo do repertório transexual de piadas
-simples, mas eficientes,
graças ao carisma dos atores.
Outra frente da comédia
envolve o comportamento
que habitualmente se espera
de uma mãe compreensiva e
de um pai durão quando a filha, ainda com ar de adolescente, diz que terá um filho e
que vai se casar com o pai da
criança, um botânico de 22
anos com jeito anacrônico de
hippie (Bernardo Mendes).
Com a mágica da troca,
"Tony Pires" vira o bonzinho
e "Glória Ramos", o sargento.
Sobra também confusão para cima dos pais do noivo
(Chico Anysio e Maria Luisa
Mendonça), que corporificam, por sua vez, outro paradigma cômico de casal.
SE EU FOSSE VOCÊ 2
Produção: Brasil, 2008
Direção: Daniel Filho
Com: Gloria Pires, Tony Ramos
Onde: em cartaz nos cines Bristol,
Cidade Jardim, Espaço Unibanco
Augusta e Pompéia, Frei Caneca
Unibanco Arteplex e circuito
Classificação: 10 anos
Avaliação: regular
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