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TELEVISÃO
Crítica
"Cloverfield" atesta nossa necessidade de filmar tudo
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
É mais que sabida, há alguns
anos, a necessidade de o cinema emular estéticas mais "realistas" para assim imantar o espectador ao filme. Daí a reprodução do visual das imagens de
handycam -vista, por exemplo, em filmes como "Rec" e
"Atividade Paranormal" (em
cartaz no país)- ser de uma recorrência oceânica.
Há um dado mais recente: o
da nossa necessidade insana de
tudo filmar, incentivada pela
disseminação dessas câmeras
digitais. Isso está no interessantíssimo "Cloverfield
-Monstro" (TC Action,
23h40, 14 anos). Estamos num
filme aparentado de "Godzilla".
Desde o início, as imagens são
as captadas por uma mini-DV,
a mesma que irá para as mãos
de Hud, um dos amigos que celebram a viagem de um outro.
Ele filmará tudo, inclusive os
ataques de um monstro gigantesco que, literalmente, põe
Nova York abaixo.
À parte Hud ser uma justificativa dentro da história para o
uso permanente da minicâmera, é bem mais notável que,
mesmo em fuga alucinada pelas ruas destruídas da cidade,
ele mantenha o punho em riste
para registrar de mortes de colegas a conversas íntimas de casal de amigos. É como se toda
aquela barbárie só existisse se
transformada em imagem.
"Cloverfield" fala, na verdade, do nosso mundo, em que as
coisas parecem ter corpo apenas quando há uma imagem filmada delas.
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