São Paulo, domingo, 02 de janeiro de 2011

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CRÍTICA POP

Susan Boyle oferece mais do mesmo em álbum só bonitinho

Produção estilo Broadway engessa disco da escocesa e nem inclusão de canção de Lou Reed surte efeito

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Há duas maneiras de classificar Susan Boyle. A escolha de uma delas será determinante na hora de avaliar o segundo trabalho da cantora escocesa, o álbum "The Gift".
Se encarada como fenômeno midiático, uma mulher nada atraente que surpreende na TV e vai do escárnio à consagração popular, pode gerar comentários do tipo "Mais um disco?".
Nessa turma se encaixam os que acham que 15 minutos de fama para ela já estavam de bom tamanho.
Mas Susan Boyle pode ser vista também como mais uma estrela predestinada a acontecer, uma voz encantadora que, pelos tortos caminhas da fama neste século, precisou de um concurso de talentos para aparecer.
Quem não gostava dela e mudou de ideia é Lou Reed.
Primeiro, ele não autorizou que Susan cantasse seu clássico "Perfect Day" num programa de TV. Depois, gostou tanto da versão dela que produziu um clipe.
Sim, "The Gift" abre com essa balada, uma das mais cínicas da história do rock, e tudo soa bem encaixado: o arranjo estilo Andrew Lloyd Webber, o coro em tom celestial, a voz educada de Susan.
Só faltou o cinismo original.
O álbum tem outras regravações de artistas consagrados: "Hallelujah", do canadense cool Leonard Cohen, e "Don't Dream It's Over", sucesso mundial dos australianos do Crowded House.
Na verdade, ela poderia ter escolhido até "Number of the Beast", do Iron Maiden, que a unidade musical do trabalho não seria ameaçada.
Todo o álbum recebeu uma aplicação de roupagem Broadway tão grande que ficou uma massa única. Enternecedora para quem é fã, insuportável para quem quer ousadia, alguma surpresa.
A voz realmente faz a diferença, mas o pecado do disco de Susan é ser previsível. Segundo pesquisa da gravadora, o público da cantora é maduro e conservador.
Fica mais fácil entender a escolha do formato "disco de Natal". Fórmula consagrada por gente como Bing Crosby e seguida por muitos, de Elvis Presley a Celine Dion, o álbum com temas natalinos já nasceu com cara de amigo secreto. Daí seu título -em português, "o presente".
E funcionou. Foi o segundo álbum mais vendido neste fim de ano no mundo, superado só pela gatinha americana Taylor Swift. Bateu "Michael", o póstumo de Jacko.
"The Gift" agrada porque é bonitinho, agradável aos ouvidos e só. Mas quem gosta de ser surpreendido por um mínimo de inventividade pode desistir de Susan Boyle.

THE GIFT
ARTISTA Susan Boyle
LANÇAMENTO Sony Music
QUANTO R$ 28
AVALIAÇÃO regular




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