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ARTES PLÁSTICAS
"Nouveaux Monde" será inaugurada amanhã no Museu de Arte e da História do Judaísmo
Paris recebe retrospectiva de Segall
FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris
"Lasar Segall simboliza o movimento perpétuo do artista judeu
entre a procura de novos horizontes e a manutenção da tradição judaica", afirma a curadora do Museu de Arte e da História do Judaísmo de Paris, Natalie Hazan.
A partir de amanhã, e até 14 de
maio, o museu expõe a retrospectiva do trabalho do artista lituano
naturalizado brasileiro Lasar Segall (1891/1957), "Nouveaux
Monde", já apresentada no Museu da Universidade de Chicago
em 1997 e no Jewish Museum de
Nova York, no ano seguinte.
Foi em Nova York que Hazan
viu a exposição de Segall e se interessou em trazê-la para Paris, cidade na qual o artista morou entre 1928 e 1932. "A arte judaica é a
arte do exílio, produzida no exterior, na interseção entre a cultura
judaica e as outras culturas. O
museu quer preservar essa identidade judaica, mas também as outras culturas assimiladas na obra
dos artistas, e Lasar Segall encarna perfeitamente essa concepção", explica Hazan.
Ela destaca ainda a trajetória artística de Segall, da Lituânia, onde
viveu até os 15 anos, passando pela Alemanha e chegando ao Brasil
em 1923.
"A cada mudança, Segall faz
uma superposição dessas diferentes identidades culturais. Sua obra
é portadora de uma mensagem
universal", diz a curadora. A exposição é composta de 223 obras
do artista e inclui pinturas, aquarelas, gravuras, desenhos e documentação iconográfica.
A exposição foi montada em
dois andares do belíssimo prédio
do século 17, sede do Museu de
Arte e da História do Judaísmo
-que foi ocupado por artesãos
judeus e restaurado para abrigar o
museu, inaugurado em 1998- na
ordem cronológica das seguidas
imigrações de Segall.
"A exposição mostra as várias
fases e influências artísticas de Segall e como elas vão se integrando
na sua obra", afirma o diretor do
Museu Lasar Segall, Marcelo
Araújo, que está em Paris para a
abertura da mostra.
Segall iniciou sua formação artística na Alemanha e mostra fortes traços expressionistas em sua
obra até 1923, quando emigra para o Brasil. Sua produção, então,
incorpora as cores e os temas brasileiros, o expressionismo fica
mais contido e, progressivamente, os tons ocres, violetas e cinzas
crescem em seus trabalhos.
Na exposição, telas como "Eternos Caminhantes" (1919), "Bananal"(1927), "Gado na Floresta"
(1939) e "Floresta com Vislumbres de Céu" (1954) evidenciam
essa evolução.
O catálogo da retrospectiva parisiense foi reeditado em francês e
inglês e traz texto inédito de Celso
Lafer sobre a presença do judaísmo na obra de Segall, cuja última
exposição individual na França
ocorreu em 1959, no Museu de
Arte Moderna. A mostra é patrocinada pelo banco Safra.
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