São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


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ARTES PLÁSTICAS
"Nouveaux Monde" será inaugurada amanhã no Museu de Arte e da História do Judaísmo
Paris recebe retrospectiva de Segall

FÁTIMA GIGLIOTTI
de Paris

"Lasar Segall simboliza o movimento perpétuo do artista judeu entre a procura de novos horizontes e a manutenção da tradição judaica", afirma a curadora do Museu de Arte e da História do Judaísmo de Paris, Natalie Hazan.
A partir de amanhã, e até 14 de maio, o museu expõe a retrospectiva do trabalho do artista lituano naturalizado brasileiro Lasar Segall (1891/1957), "Nouveaux Monde", já apresentada no Museu da Universidade de Chicago em 1997 e no Jewish Museum de Nova York, no ano seguinte.
Foi em Nova York que Hazan viu a exposição de Segall e se interessou em trazê-la para Paris, cidade na qual o artista morou entre 1928 e 1932. "A arte judaica é a arte do exílio, produzida no exterior, na interseção entre a cultura judaica e as outras culturas. O museu quer preservar essa identidade judaica, mas também as outras culturas assimiladas na obra dos artistas, e Lasar Segall encarna perfeitamente essa concepção", explica Hazan.
Ela destaca ainda a trajetória artística de Segall, da Lituânia, onde viveu até os 15 anos, passando pela Alemanha e chegando ao Brasil em 1923.
"A cada mudança, Segall faz uma superposição dessas diferentes identidades culturais. Sua obra é portadora de uma mensagem universal", diz a curadora. A exposição é composta de 223 obras do artista e inclui pinturas, aquarelas, gravuras, desenhos e documentação iconográfica.
A exposição foi montada em dois andares do belíssimo prédio do século 17, sede do Museu de Arte e da História do Judaísmo -que foi ocupado por artesãos judeus e restaurado para abrigar o museu, inaugurado em 1998- na ordem cronológica das seguidas imigrações de Segall.
"A exposição mostra as várias fases e influências artísticas de Segall e como elas vão se integrando na sua obra", afirma o diretor do Museu Lasar Segall, Marcelo Araújo, que está em Paris para a abertura da mostra.
Segall iniciou sua formação artística na Alemanha e mostra fortes traços expressionistas em sua obra até 1923, quando emigra para o Brasil. Sua produção, então, incorpora as cores e os temas brasileiros, o expressionismo fica mais contido e, progressivamente, os tons ocres, violetas e cinzas crescem em seus trabalhos.
Na exposição, telas como "Eternos Caminhantes" (1919), "Bananal"(1927), "Gado na Floresta" (1939) e "Floresta com Vislumbres de Céu" (1954) evidenciam essa evolução.
O catálogo da retrospectiva parisiense foi reeditado em francês e inglês e traz texto inédito de Celso Lafer sobre a presença do judaísmo na obra de Segall, cuja última exposição individual na França ocorreu em 1959, no Museu de Arte Moderna. A mostra é patrocinada pelo banco Safra.


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