São Paulo, Quarta-feira, 02 de Fevereiro de 2000


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"Divirto-me fazendo merchandising'

da Sucursal do Rio

Terry Moore, o criador de "Estranhos no Paraíso", nasceu no Texas, no dia 19 de novembro, e mais não conta.
Tímido, não gosta de revelar a idade nem falar muito de sua vida pessoal.
Ele tentou emplacar uma tira em jornais norte-americanos durante cinco anos, até que algumas páginas foram parar na pequena Antartic Press, em 1993.
Hoje, publica a sua revista sozinho e já conseguiu fazer seu trabalho chegar a diversos países, sem abrir mão do controle total de sua criação.
Leia a seguir a entrevista. (AM)

Folha - De onde vieram as personagens Francine e Katchoo?
Terry Moore -
Elas são a combinação de várias pessoas que conheço. São a essência da mulher. Com toda a sua beleza, charme e defeitos.
No início, pensei em "Estranhos" como uma história sobre a guerra dos sexos, essas duas mulheres como soldados vestidos para a batalha, reagindo aos horrores da guerra. Agora, tento mostrar duas mulheres jovens e lindas com muitas perguntas sobre amor e relacionamento.

Folha - Você reconhece influências de novelas e seriados na estrutura da história?
Moore -
Sim. Mantenho um grupo de personagens que o leitor acompanha por um longo tempo e coloco o foco no desenvolvimento das relações entre eles.

Folha - "Estranhos" é uma HQ independente, mas começa a gerar merchandising. O que você acha da necessidade de tirar lucro de camisetas, bonés e outros produtos?
Moore -
Há duas indústrias nas HQs. Uma é a comercial, baseada em personagens como super-heróis, a outra é a artística. "Estranhos" fica no meio.
Não acho importante fazer merchandising, mas me divirto criando esses produtos. Se você cria uma revista lida por jovens, é uma boa política criar brinquedos, porque isso é o que esse público quer.

Folha - Criar HQs pensando em brinquedos é uma boa idéia? O merchandising influencia o seu negócio?
Moore -
É estranho criar uma revista com brinquedos em mente. Algumas pessoas fazem isso, mas não acho que seja bom. Só estão fazendo dinheiro fácil e deixando clientes que abandonarão as HQs.
Os brinquedos vão embora, os clientes seguem seu caminho e pobres desenhistas como eu, que querem fazer um trabalho consistente, se perguntam porque a indústria está encolhendo.

Folha - Você tem planos de levar "Estranhos" para o cinema ou fazer desenhos animados?
Moore -
Estou escrevendo um roteiro para um filme agora. Há sempre algum estúdio conversando comigo sobre fazer um filme com esses personagens, mas ainda não assinei um contrato.
Há muitas histórias que quero contar. Pretendo escrever um livro, uma peça de teatro e uma tira diária para jornais.

Folha - Quais são os assuntos que você gosta de abordar em suas histórias?
Moore -
Quero explorar os mistérios que existem entre os homens e as mulheres. Por que se atraem? São mesmo tão diferentes?
Por que as mulheres acham que os homens gostam de meninas magras, enquanto eles gostam mesmo é de mocinhas suaves, cheias de curvas?
Exploro também assuntos como AIDS, bulimia, estupro, alcoolismo e crime organizado. Não falo só de jogos e diversão, mas sim sobre vida -boa e ruim.

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