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"Divirto-me fazendo merchandising'
da Sucursal do Rio
Terry Moore, o criador de "Estranhos no Paraíso", nasceu no
Texas, no dia 19 de novembro, e
mais não conta.
Tímido, não gosta de revelar a
idade nem falar muito de sua vida
pessoal.
Ele tentou emplacar uma tira
em jornais norte-americanos durante cinco anos, até que algumas
páginas foram parar na pequena
Antartic Press, em 1993.
Hoje, publica a sua revista sozinho e já conseguiu fazer seu trabalho chegar a diversos países,
sem abrir mão do controle total
de sua criação.
Leia a seguir a entrevista.
(AM)
Folha - De onde vieram as personagens Francine e Katchoo?
Terry Moore - Elas são a combinação de várias pessoas que conheço. São a essência da mulher.
Com toda a sua beleza, charme e
defeitos.
No início, pensei em "Estranhos" como uma história sobre a
guerra dos sexos, essas duas mulheres como soldados vestidos para a batalha, reagindo aos horrores da guerra. Agora, tento mostrar duas mulheres jovens e lindas
com muitas perguntas sobre
amor e relacionamento.
Folha - Você reconhece influências de novelas e seriados
na estrutura da história?
Moore - Sim. Mantenho um
grupo de personagens que o leitor
acompanha por um longo tempo
e coloco o foco no desenvolvimento das relações entre eles.
Folha - "Estranhos" é uma HQ
independente, mas começa a
gerar merchandising. O que você acha da necessidade de tirar
lucro de camisetas, bonés e outros produtos?
Moore - Há duas indústrias nas
HQs. Uma é a comercial, baseada
em personagens como super-heróis, a outra é a artística. "Estranhos" fica no meio.
Não acho importante fazer merchandising, mas me divirto criando esses produtos. Se você cria
uma revista lida por jovens, é uma
boa política criar brinquedos,
porque isso é o que esse público
quer.
Folha - Criar HQs pensando
em brinquedos é uma boa
idéia? O merchandising influencia o seu negócio?
Moore - É estranho criar uma
revista com brinquedos em mente. Algumas pessoas fazem isso,
mas não acho que seja bom. Só estão fazendo dinheiro fácil e deixando clientes que abandonarão
as HQs.
Os brinquedos vão embora, os
clientes seguem seu caminho e
pobres desenhistas como eu, que
querem fazer um trabalho consistente, se perguntam porque a indústria está encolhendo.
Folha - Você tem planos de levar "Estranhos" para o cinema
ou fazer desenhos animados?
Moore - Estou escrevendo um
roteiro para um filme agora. Há
sempre algum estúdio conversando comigo sobre fazer um filme
com esses personagens, mas ainda não assinei um contrato.
Há muitas histórias que quero
contar. Pretendo escrever um livro, uma peça de teatro e uma tira
diária para jornais.
Folha - Quais são os assuntos
que você gosta de abordar em
suas histórias?
Moore - Quero explorar os mistérios que existem entre os homens e as mulheres. Por que se
atraem? São mesmo tão diferentes?
Por que as mulheres acham que
os homens gostam de meninas
magras, enquanto eles gostam
mesmo é de mocinhas suaves,
cheias de curvas?
Exploro também assuntos como AIDS, bulimia, estupro, alcoolismo e crime organizado.
Não falo só de jogos e diversão,
mas sim sobre vida -boa e ruim.
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