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CINEMA
Após êxito de seu "As Invasões Bárbaras", canadense tem obra revisitada
Ganhador do Oscar, Arcand é homenageado em mostra
BRUNO GHETTI
DA REDAÇÃO
O sucesso do filme canadense
"As Invasões Bárbaras" foi tão
grande que acarretou a volta aos
cinemas do filme que o inspirou:
"O Declínio do Império Americano", de 1986. Mas não apenas. A
partir de hoje, o diretor dos filmes, Denys Arcand, tem parte de
sua obra revisitada no ciclo "Seleção Denys Arcand", que vai de
hoje a sexta, no Espaço Unibanco.
A mostra ganha uma razão extra de interesse após a consagração de "As Invasões Bárbaras" na
cerimônia de anteontem do Oscar: indicado em duas categorias,
roteiro original e filme em língua
estrangeira, o longa de Arcand arrebatou a estatueta por essa segunda, dando ao Canadá o primeiro Oscar na categoria.
Como representante do cineasta na mostra, que será apresentada também no Rio e em Brasília,
veio ao Brasil uma das atrizes de
"As Invasões" e "O Declínio",
Louise Portal, 53. Além dos filmes
do qual participou, serão mostrados "Jesus de Montreal" (89) e
"Amor e Restos Humanos" (93).
De acordo com Portal, que também é cantora e escritora, o Oscar
para "Invasões" foi, de certa forma, inesperado. Em entrevista à
Folha, concedida poucas horas
antes da entrega do Oscar, ela disse que Denys Arcand acreditava
ter mais chances de ganhar o prêmio na categoria de melhor roteiro original que na de filme em língua estrangeira. "É uma categoria
muito peculiar [a de filme em língua estrangeira], os votantes são
diferentes, a maneira como assistem aos filmes é diferente. É tudo
meio obscuro", disse a atriz. "Na
categoria de roteiro, as coisas parecem mais transparentes. Arcand espera ganhar por essa categoria. "Sofia Coppola é ainda jovem, tem muitos anos pela frente", Arcand costuma dizer", contou a atriz, antes de saber que, ao
contrário das expectativas, o filme
de Arcand venceria os concorrentes a filme estrangeiro e perderia
entre os roteiristas, justamente,
para Sofia Coppola (por "Encontros e Desencontros").
Louise Portal diz que já imaginava que o filme teria grande sucesso. "Era uma espécie de continuação de "O Declínio do Império
Americano", que tinha tido grande êxito. Sabíamos que o público
tinha curiosidade de saber o destino dos personagens e, além disso,
que o roteiro de "As Invasões Bárbaras" era ainda melhor que o de
"O Declínio". Mas fiquei feliz que o
filme tenha tido tanto sucesso, em
todos os lugares por onde passou." Para a atriz, grande parte do
sucesso de "As Invasões" se deve
ao fato de ser um filme pequeno,
de história intimista, em uma
época em que predominam filmes comerciais.
"Trata-se de um filme artístico
em meio a todos esses filmões
americanos. E é uma história de
coisas que todos vivemos, experiências comuns. Todos que assistem ao filme voltam ao seu meio,
à sua casa com algum ponto de
identificação", ela diz. E acrescenta: "O título resume bem do que
fala o filme: das invasões externas
a que estamos, o tempo todo, submetidos, que nos invadem, fazem
mal; são essas as "invasões bárbaras", mas que são parte da vida".
SELEÇÃO DENYS ARCAND. Hoje, "As
Invasões Bárbaras", às 21h30; amanhã,
"Jesus de Montréal", às 22h; qui., "Amor
e Restos Humanos", às 22h; sex., "O
Declínio do Império Americano", às 22h.
Onde: Espaço Unibanco (r. Augusta,
1.470/1.475, SP, tel. 0/xx/11/288-6780).
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