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CELEBRIDADE
Estudioso acredita que conglomerados de mídia dividirão notícias entre seus veículos para conquistar espectadores
Julgamento de Jackson dá audiência a TVs
JOSHUA CHAFFIN
DO "FINANCIAL TIMES"
Desde seu lançamento, em 1982,
"Thriller", o álbum de Michael
Jackson, vendeu mais de 50 milhões de cópias. Ao longo dos próximos seis meses, muitos executivos esperam que o julgamento
criminal do cantor por acusações
de molestamento infantil atraia
audiência em volume semelhante.
O valor dos julgamentos de celebridades para a mídia foi confirmado uma década atrás com o caso O.J. Simpson. Na companhia
da Guerra do Golfo, em 1991, o
julgamento em geral recebe o crédito por estabelecer a viabilidade
das redes de notícias 24 horas.
A atração de um julgamento
que pode se arrastar por meses é
possivelmente ainda maior hoje,
já que as audiências de TV estão
cada vez mais fragmentadas. Outro fator favorável é que cobrir o
julgamento não é tão difícil quanto noticiar tsunamis.
Centenas de repórteres de todo
o mundo foram a Santa Maria, na
Califórnia, para cobrir o mais recente "julgamento do século".
"Eles vão extrair o máximo possível de impacto desse julgamento", diz Robert Thomson, diretor
do Centro de Estudo da Televisão
Popular, na Universidade Syracuse, em Nova York. Ele prevê que
os conglomerados de mídia dividirão o julgamento de Jackson e o
distribuirão entre seus diversos
veículos -dos telejornais noturnos de TV aos programas de análise noticiosa e sites, passando pelos canais de notícias 24 horas.
Mas o canal em melhor posição
para se beneficiar do evento é o
CourtTV, rede de TV a cabo que
se especializa em julgamentos de
celebridades e cobertura de escândalos. Desde seu surgimento,
em 1991, a rede vem aperfeiçoando sua arte, com a cobertura de
diversos julgamentos sensacionalistas, entre os quais o de Simpson. A audiência noturna média
do canal dobrou -foi para 868
mil pessoas- ao longo dos últimos cinco anos.
"O julgamento vai ser ótimo para a CourtTV. É absolutamente
perfeito", disse Reese Schonfeld,
um dos fundadores da CNN,
acrescentando que a audiência da
rede aumentaria em pelo menos
100 mil telespectadores ao dia.
Isso pareceu se tornar ainda
mais provável no mês passado,
depois que os advogados de Jackson anunciaram que pretendem
convocar celebridades como o jogador de basquete Kobe Bryant
para defender seu cliente.
É difícil quantificar o valor financeiro dos problemas judiciais
de Jackson para a rede. A maior
parte de suas receitas publicitárias
são geradas no período noturno,
enquanto o julgamento será realizado no período diurno.
O caso oferecerá uma oportunidade para conquistar telespectadores da programação diurna da
CourtTV, atraídos pelo espetáculo do julgamento de Jackson, e
convencê-los a assistir à grade de
programas noturnos.
É claro que nem todo mundo
está convencido de que o julgamento de Jackson oferecerá grandes retornos em termos de audiência. Um problema é que o juiz
que está presidindo o julgamento
proibiu a presença de câmeras no
tribunal. Isso significa que a
maior parte das TVs terão de se
virar com reportagens de correspondentes nos degraus do fórum,
com comentários de especialistas
e imagens de arquivo. A E! e a British Sky Broadcasting tentaram
contornar o obstáculo usando
atores que reproduzirão as cenas
do julgamento, a cada noite.
"Quando você está dirigindo
por uma estrada e vê um acidente
de carro, tende a desacelerar", disse. "É a mesma coisa aqui -as
pessoas vão parar para olhar", diz
Henry Schleiff, presidente-executivo da CourtTV.
Tradução Paulo Migliacci
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