São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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CELEBRIDADE

Estudioso acredita que conglomerados de mídia dividirão notícias entre seus veículos para conquistar espectadores

Julgamento de Jackson dá audiência a TVs

JOSHUA CHAFFIN
DO "FINANCIAL TIMES"

Desde seu lançamento, em 1982, "Thriller", o álbum de Michael Jackson, vendeu mais de 50 milhões de cópias. Ao longo dos próximos seis meses, muitos executivos esperam que o julgamento criminal do cantor por acusações de molestamento infantil atraia audiência em volume semelhante.
O valor dos julgamentos de celebridades para a mídia foi confirmado uma década atrás com o caso O.J. Simpson. Na companhia da Guerra do Golfo, em 1991, o julgamento em geral recebe o crédito por estabelecer a viabilidade das redes de notícias 24 horas.
A atração de um julgamento que pode se arrastar por meses é possivelmente ainda maior hoje, já que as audiências de TV estão cada vez mais fragmentadas. Outro fator favorável é que cobrir o julgamento não é tão difícil quanto noticiar tsunamis.
Centenas de repórteres de todo o mundo foram a Santa Maria, na Califórnia, para cobrir o mais recente "julgamento do século".
"Eles vão extrair o máximo possível de impacto desse julgamento", diz Robert Thomson, diretor do Centro de Estudo da Televisão Popular, na Universidade Syracuse, em Nova York. Ele prevê que os conglomerados de mídia dividirão o julgamento de Jackson e o distribuirão entre seus diversos veículos -dos telejornais noturnos de TV aos programas de análise noticiosa e sites, passando pelos canais de notícias 24 horas.
Mas o canal em melhor posição para se beneficiar do evento é o CourtTV, rede de TV a cabo que se especializa em julgamentos de celebridades e cobertura de escândalos. Desde seu surgimento, em 1991, a rede vem aperfeiçoando sua arte, com a cobertura de diversos julgamentos sensacionalistas, entre os quais o de Simpson. A audiência noturna média do canal dobrou -foi para 868 mil pessoas- ao longo dos últimos cinco anos.
"O julgamento vai ser ótimo para a CourtTV. É absolutamente perfeito", disse Reese Schonfeld, um dos fundadores da CNN, acrescentando que a audiência da rede aumentaria em pelo menos 100 mil telespectadores ao dia.
Isso pareceu se tornar ainda mais provável no mês passado, depois que os advogados de Jackson anunciaram que pretendem convocar celebridades como o jogador de basquete Kobe Bryant para defender seu cliente.
É difícil quantificar o valor financeiro dos problemas judiciais de Jackson para a rede. A maior parte de suas receitas publicitárias são geradas no período noturno, enquanto o julgamento será realizado no período diurno.
O caso oferecerá uma oportunidade para conquistar telespectadores da programação diurna da CourtTV, atraídos pelo espetáculo do julgamento de Jackson, e convencê-los a assistir à grade de programas noturnos.
É claro que nem todo mundo está convencido de que o julgamento de Jackson oferecerá grandes retornos em termos de audiência. Um problema é que o juiz que está presidindo o julgamento proibiu a presença de câmeras no tribunal. Isso significa que a maior parte das TVs terão de se virar com reportagens de correspondentes nos degraus do fórum, com comentários de especialistas e imagens de arquivo. A E! e a British Sky Broadcasting tentaram contornar o obstáculo usando atores que reproduzirão as cenas do julgamento, a cada noite.
"Quando você está dirigindo por uma estrada e vê um acidente de carro, tende a desacelerar", disse. "É a mesma coisa aqui -as pessoas vão parar para olhar", diz Henry Schleiff, presidente-executivo da CourtTV.


Tradução Paulo Migliacci

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