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POLÍTICA CULTURAL
Emissora diz que decisões foram de Lula
Secretário do Audiovisual acusa Rede Globo por atraso na Ancinav
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de mais de um mês de silêncio, a discussão sobre a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual) foi reacesa
na noite de anteontem. Segundo o
secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, a agência deve começar a exercer suas novas funções -agora
apenas fomentar e fiscalizar a
produção audiovisual do Brasil-
até o fim do ano. Enquanto o projeto da agência passa por adaptações, o marco regulatório (lei geral) da agência, segundo Senna,
também está sendo trabalhado.
"A decisão do presidente Lula é
que as duas coisas sejam feitas ao
mesmo tempo, e não uma depois
da outra. A lei está sendo trabalhada agora para que seja apresentada ao crivo da opinião pública", explicou o secretário durante
debate com o cineasta Toni Venturi e o pesquisador do Centro
Cultural Banco do Brasil André
Gatti. O evento integra a Bienal da
UNE (União Nacional dos Estudantes), que termina hoje, no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Senna responsabilizou a Rede
Globo pelo atraso em torno da
criação da Ancinav. "A Globo tentou, através de acusações incríveis, dizer que a Ancinav era uma
ameaça para o futuro da liberdade
de expressão. Na verdade, era para que se evitasse a discussão, para
demonizar a agência. "Isso aqui é
ditatorial, então é melhor nem
discutir." Foi uma coisa falaciosa
que atrapalhou bastante essa polêmica [o projeto]."
O secretário disse que a TV não
aceita a regulação do setor ao qual
pertence, mas que insiste pela regulação de empresas telefônicas.
"O que ela [a Globo] disse foi "vamos botar isso [a regulação] mais
para frente, porque nós temos
que nos adequar aos novos tempos". Ou seja, a Globo quer, antes
da regulação, que ela seja também
uma tele ou que se associe a uma
tele." Senna afirmou que a Globo
teme que empresas de telecomunicações passem a atuar na criação de conteúdos.
Em nota à Folha, o diretor da
Central Globo de Comunicação,
Luis Erlanger, afirmou: "Assim
como muitos outros setores relevantes, a TV Globo vem defendendo publicamente um debate
pela preservação da cultura brasileira, uma questão absolutamente
estratégica para o país. Mas a decisão de buscar um caminho mais
democrático neste processo coube exclusivamente à decisão pessoal do presidente da República".
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