São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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POLÍTICA CULTURAL

Emissora diz que decisões foram de Lula

Secretário do Audiovisual acusa Rede Globo por atraso na Ancinav

ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de mais de um mês de silêncio, a discussão sobre a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual) foi reacesa na noite de anteontem. Segundo o secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, a agência deve começar a exercer suas novas funções -agora apenas fomentar e fiscalizar a produção audiovisual do Brasil- até o fim do ano. Enquanto o projeto da agência passa por adaptações, o marco regulatório (lei geral) da agência, segundo Senna, também está sendo trabalhado.
"A decisão do presidente Lula é que as duas coisas sejam feitas ao mesmo tempo, e não uma depois da outra. A lei está sendo trabalhada agora para que seja apresentada ao crivo da opinião pública", explicou o secretário durante debate com o cineasta Toni Venturi e o pesquisador do Centro Cultural Banco do Brasil André Gatti. O evento integra a Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes), que termina hoje, no Pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, em São Paulo.
Senna responsabilizou a Rede Globo pelo atraso em torno da criação da Ancinav. "A Globo tentou, através de acusações incríveis, dizer que a Ancinav era uma ameaça para o futuro da liberdade de expressão. Na verdade, era para que se evitasse a discussão, para demonizar a agência. "Isso aqui é ditatorial, então é melhor nem discutir." Foi uma coisa falaciosa que atrapalhou bastante essa polêmica [o projeto]."
O secretário disse que a TV não aceita a regulação do setor ao qual pertence, mas que insiste pela regulação de empresas telefônicas. "O que ela [a Globo] disse foi "vamos botar isso [a regulação] mais para frente, porque nós temos que nos adequar aos novos tempos". Ou seja, a Globo quer, antes da regulação, que ela seja também uma tele ou que se associe a uma tele." Senna afirmou que a Globo teme que empresas de telecomunicações passem a atuar na criação de conteúdos.
Em nota à Folha, o diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, afirmou: "Assim como muitos outros setores relevantes, a TV Globo vem defendendo publicamente um debate pela preservação da cultura brasileira, uma questão absolutamente estratégica para o país. Mas a decisão de buscar um caminho mais democrático neste processo coube exclusivamente à decisão pessoal do presidente da República".


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