São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Música

Maurício Takara lança disco pop experimental

Em "Conta", seu 3º álbum solo, o instrumentista aposta no formato canção

Integrante do coletivo Instituto e da banda Hurtmold, Takara é elogiado pela habilidade de tocar diversos instrumentos


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Artistas geralmente se encaixam (ou são encaixados) em categorias. Uns fazem rock; outros, rap, jazz, música eletrônica, MPB. Mas há aqueles que se inspiram em todos esses estilos, para fazer nenhum deles.
O paulistano Maurício Takara é um desses. Freqüentemente elogiado pela desenvoltura com que toca diversos instrumentos, muitos deles ao mesmo tempo, Takara, 24, está construindo uma carreira pautada pela experimentação. Isso vale tanto para seu trabalho como integrante das bandas Hurtmold (improvisos de jazz e rock) e Instituto (rap, jazz, reggae, pop) quanto para sua parceria com o trompetista norte-americano Rob Mazurek no duo SP Underground.
É sozinho, no entanto, como M.Takara, que ele condensa melhor essas experiências.
"Conta", seu terceiro e novo álbum, é o exemplo mais bem-acabado disso. O CD abre com um ruído, que vai ganhando uma melodia, sobre a qual Takara acrescenta vocais etéreos. O disco segue com canções feitas a partir da sobreposição de sons tirados de samples, baterias eletrônicas e instrumentos como percussão, trompete e metalofone -peça semelhante ao vibrafone.
Com essa técnica, que ele define como "música de associação livre", Takara se aproxima de outro brasileiro, o produtor Amon Tobin -radicado em Londres, que faz parte do "casting" da gravadora Ninja Tune-, e cria um CD que tem clima de trilha sonora de filme "noir", passando por free jazz, eletrônica, rock.

Pop
A intenção, conta Takara, era fazer um trabalho que "soasse mais pop" em relação aos anteriores. "Não no sentido pop comercial", explica. "Mas no formato de canção, de música mais popular, com começo meio e fim, ritmos fixos e melodias bem marcantes."
Seu primeiro disco, lembra o instrumentista, era um "lance tosco", com sons que "não sabe se conseguiria repetir". "O segundo é mais aéreo, parece uma trilha sonora. As faixas passam de uma para a outra, e você nem percebe. Estão ali para escutar e viajar", descreve.
"Conta" é reflexo de uma busca pelo melhor formato de apresentar suas músicas ao vivo. "Antes, ficava parecendo que estava tentando fazer várias coisas diferentes dentro de um mesmo set. Complicava até no sentido técnico", destaca Takara -nos shows, ele costuma se apresentar utilizando laptop, percussão, metalofone e trompete, entre outros.
Com o formato mais "pop", o músico acredita que ficou mais livre para "experimentar e improvisar" e, mesmo com uma formação mais "eletrônica", acha que soa mais "orgânico". Isso poderá ser conferido hoje, no show de lançamento de "Conta". Mas não espere ouvir o que se ouve no CD: "É uma releitura do meu próprio disco."


CONTA    
Artista: M.Takara
Lançamento: Desmonta Discos
Quanto: R$ 15, em média
Show: hoje, às 21h, no MIS (av. Europa, 158, Jd. Europa, tel. 0/xx/11/3085-1498). Ingr.: R$ 3 a R$ 6


Texto Anterior: CDs
Próximo Texto: Cinema/estréias - Crítica/"Notas sobre um Escândalo": Bom elenco dá força a drama inglês
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.