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Festival traça painel do teatro ibero-americano
De hoje a domingo, São Paulo assiste a espetáculos de Argentina, Bolívia, México e Portugal, entre outros países
Segundo organizador, "falta ousadia" para intensificar o intercâmbio de produções entre os circuitos teatrais
do "continente ampliado"
LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Dentre as 13 peças da mostra
principal do 2º Festival Ibero-Americano de Teatro de São
Paulo, há histórias de mulheres
aguerridas (como a cubana
"Medea" e a mexicana "Ursula
Iguarán... Cien Años de Mujer",
centrada na matriarca de "Cem
Anos de Solidão"), crônicas de
confinamento (vide o espanhol
"M3", em que um homem se
ajusta à vida no cubículo do título) e amostras de duas fases
de Nelson Rodrigues ("Senhora dos Afogados" e "Viúva, Porém Honesta").
Se as temáticas apontam caminhos diversos, resta um elo
entre as companhias deste
"continente ampliado":
"A dificuldade de produção é
o ponto comum", diz o diretor
de atividades culturais da Fundação Memorial da América
Latina (onde a mostra é realizada), Fernando Calvozo, 50.
Ao que o cocurador Roberto
Malta, 58, acrescenta: "A interseção também está na consciência social. As pessoas estão
vendo a importância de sua
identidade e buscando as raízes, em vez de copiar o outro".
Além das nacionalidades citadas acima, comparecem à
mostra trabalhos argentinos,
bolivianos, uruguaios e portugueses. A escalação brasileira
traz quatro títulos de São Paulo
e um de Minas -bairrismo que
se deve, segundo Calvozo, ao
cancelamento tardio de grupos
do Rio e do Ceará.
E por que, afora festivais como este, vemos tão pouco da
produção ibero-americana no
circuito brasileiro? A barreira é
exclusivamente o idioma?
"Estamos muito adiantados
em matéria de teatro, muito
experimentados. Acabamos
dando uns passos à frente em
relação a alguns "hermanos" e
viramos as costas para eles. Já
ouvi de colegas de países vizinhos que somos ariscos ao teatro deles. Não arriscamos tanto
em intercâmbio quanto em
produção. Nos falta ousadia",
sugere Calvozo.
Para Malta, entraves burocráticos (como a necessidade
de visto) e logísticos (não há
voos diretos para alguns países) acirram o isolamento.
A programação está em www.memorial.sp.gov.br.
2º FESTIVAL IBERO-AMERICANO DE TEATRO
Quando: hoje, às 21h; de amanhã a domingo, às 19h e às 21h
Onde: Memorial da América Latina
(av. Auro Soares de Moura Andrade,
664, tel. 0/xx/11/3823-4600)
Quanto: entrada franca
Classificação: não indicado a menores
de 12 anos
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