São Paulo, segunda-feira, 02 de março de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Festival traça painel do teatro ibero-americano

De hoje a domingo, São Paulo assiste a espetáculos de Argentina, Bolívia, México e Portugal, entre outros países

Segundo organizador, "falta ousadia" para intensificar o intercâmbio de produções entre os circuitos teatrais do "continente ampliado"

LUCAS NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Dentre as 13 peças da mostra principal do 2º Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo, há histórias de mulheres aguerridas (como a cubana "Medea" e a mexicana "Ursula Iguarán... Cien Años de Mujer", centrada na matriarca de "Cem Anos de Solidão"), crônicas de confinamento (vide o espanhol "M3", em que um homem se ajusta à vida no cubículo do título) e amostras de duas fases de Nelson Rodrigues ("Senhora dos Afogados" e "Viúva, Porém Honesta").
Se as temáticas apontam caminhos diversos, resta um elo entre as companhias deste "continente ampliado": "A dificuldade de produção é o ponto comum", diz o diretor de atividades culturais da Fundação Memorial da América Latina (onde a mostra é realizada), Fernando Calvozo, 50.
Ao que o cocurador Roberto Malta, 58, acrescenta: "A interseção também está na consciência social. As pessoas estão vendo a importância de sua identidade e buscando as raízes, em vez de copiar o outro". Além das nacionalidades citadas acima, comparecem à mostra trabalhos argentinos, bolivianos, uruguaios e portugueses. A escalação brasileira traz quatro títulos de São Paulo e um de Minas -bairrismo que se deve, segundo Calvozo, ao cancelamento tardio de grupos do Rio e do Ceará.
E por que, afora festivais como este, vemos tão pouco da produção ibero-americana no circuito brasileiro? A barreira é exclusivamente o idioma? "Estamos muito adiantados em matéria de teatro, muito experimentados. Acabamos dando uns passos à frente em relação a alguns "hermanos" e viramos as costas para eles. Já ouvi de colegas de países vizinhos que somos ariscos ao teatro deles. Não arriscamos tanto em intercâmbio quanto em produção. Nos falta ousadia", sugere Calvozo.
Para Malta, entraves burocráticos (como a necessidade de visto) e logísticos (não há voos diretos para alguns países) acirram o isolamento. A programação está em www.memorial.sp.gov.br.


2º FESTIVAL IBERO-AMERICANO DE TEATRO

Quando: hoje, às 21h; de amanhã a domingo, às 19h e às 21h
Onde: Memorial da América Latina (av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, tel. 0/xx/11/3823-4600)
Quanto: entrada franca
Classificação: não indicado a menores de 12 anos



Texto Anterior: Banda sobe em topo de prédio e toca para 5.000
Próximo Texto: Artes: Rubem Grillo faz mostra de Xilogravuras no Rio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.