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Crítica
Megashow deixa saudades do Coldplay de anos atrás
Banda inglesa, que já veio duas outras vezes ao Brasil, fez show grandioso anteontem no Rio e se apresenta hoje em SP
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Chuva de papel picado,
lâmpadas gigantes, fogos de artifício, palco
menor no meio do público, balões. O Coldplay utiliza diversos recursos para proporcionar
um espetáculo grandioso, à altura da vendagem de seus discos e, consequentemente, de
sua popularidade.
Isso foi visto anteontem, no
Rio de Janeiro, no primeiro
show do grupo no Brasil -o segundo acontece hoje, em SP.
Se nas outras duas passagens
pelo país a banda foi vista em
casas menores, desta vez o
quarteto inglês ganhou proporções megas. O show carioca
ocorreu na praça da Apoteose,
para 34 mil pessoas e o paulistano será no estádio do Morumbi, para até 68 mil pessoas.
E ser transformado em mega
muda tudo. A produção tem de
ser maior e mais cuidadosa; por
isso, o show tem um roteiro a
ser seguido, sem muito espaço
para improvisos. Afinal, o Coldplay é uma banda que vendeu 8
milhões de cópias apenas de
seu mais recente disco, "Viva la
Vida" (2008). É muita gente para agradar.
E "Viva La Vida", o disco mais
ambicioso da banda, é que toma
as rédeas da apresentação. Das
dez músicas do álbum, nove são
tocadas, como "Life in Technicolor", que introduz o show para ser seguida por "Violet Hill".
Aqui, temos o Coldplay produzido por Brian Eno: um grupo
que deseja criar músicas de arranjos complexos, orquestrados, que quer ir além das baladas românticas.
O ponto é que o Coldplay sabe criar baladas românticas:
simples, bonitas e eficientes. E
ainda tateia ao tentar criar canções grandiosas, mirabolantes.
No show, ficam nítidas as diferenças entre esses dois Coldplays. "Clocks", levada por um
piano contagiante; a bela "In
My Place" e "Yellow", já um
quase épico, criam uma sequência imbatível (e, durante a
música, alguns balões são jogados no público; ao serem perfurados, soltam papel picado).
O vocalista Chris Martin lidera a banda. Corre pelo palco,
pula, dança de um jeito desengonçado. Duas passarelas laterais se insinuam pelo público, e
ali a banda apresenta algumas
canções, como "God Put a Smile Upon Your Face".
Em certo momento, vários
seguranças formam um cordão
de passagem no meio dos fãs. É
o único meio de os músicos
chegarem ao palco menor, no
meio da Apoteose. Ali, fazem
um set acústico, em que entram
"Shiver", de "Parachutes"
(2000), e "Don Quixote".
Além de emprestar ares de
espetáculo ao show, alguns
efeitos servem, por tabela, para
elevar algumas canções medianas. É o que acontece em "Lovers in Japan", que é tocada em
meio a uma gigantesca chuva
de papel em formato de borboleta. É bem bonito, e até deixamos de prestar atenção na música. Já as cinco lâmpadas suspensas no palco desapontam.
Mudam de cor, às vezes mostram imagens dos músicos, mas
só. O principal meio de exibição
de imagens são os dois telões
colocado nas laterais do palco.
No bis, o grupo retorna com o
que faz melhor. Com a lenta e
emocionante "The Scientist".
Mas em seguida, Martin nos
lembra que esse é o Codplay-2010, e fecha o show com uma
versão (boba) de "Life in Technicolor". Que saudade do Coldplay de cinco, seis anos atrás.
COLDPLAY
Avaliação: regular
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