São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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TELEVISÃO
Crianças cruéis são o segredo de "South Park"

ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Austin

"South Park" é o desenho animado cool do momento nos EUA. Estrelado por quatro moleques feitos de papel recortado, o visual ingênuo do programa engana. As crianças são cruéis e falam uma linguagem chula e direta.
O sucesso do seriado que alguns consideram o "mais estúpido" e politicamente incorreto da televisão, tem causado espécie. Os americanos se perguntam se ele se deve à alguma verdade atingida pelo programa ou se os índices ascendentes de audiência revelam que esta é uma nação de retardados.
"South Park" estreou em dezembro de 96 com um programa que circulou de mão em mão até ser exibido pela emissora de TV a cabo "Comedy Central". O programa de Natal rendeu à emissora seu recorde de audiência. Com irreverência, sadismo e sacrilégio, o episódio curto contava a história da vingança de Jesus Cristo contra Papai Noel, o responsável pela difamação de seu nome.
Nove episódios foram produzidos e repetidos duas vezes por semana no mesmo canal, que continua a investir no seriado da dupla de estreantes Trey Parker, 28, e Matt Stone, 26. Os dois criadores fazem o texto, a animação e as vozes dos personagens.
O custo do episódio é $300.000, bem abaixo da marca de 1.8 milhão de "Os Simpsons", pioneiro no gênero animação para adultos que assola a televisão americana nos anos 90.
O seriado se passa em South Park, uma cidadezinha do Colorado, onde o clima é sempre invernal. Mas o panorama desolador do repertório local poderia representar qualquer subúrbio americano.
Jesus Cristo se tornou personagem recorrente na figura do apresentador de um programa de auditório, que as crianças não só assistem como participam concorrendo a prêmios por exemplo, pelo vídeo caseiro mais idiota.
Cartman, Stan, Kyle e Kenny são neuróticos e infames. Kenny morre em quase todos os episódios. Os adultos não apitam no universo infame e desprovido de sentido de seus filhos, que ironizam da preferência contemporânea pelas minorias, ao feminismo e à figuras da cultura televisiva como Barbara Streisand ou Mary Tyler Moore.
Em fevereiro último quatro novos episódios foram ao ar. Mais 20 novas histórias profanas dessa versão americana, não jornalística do "Casseta e Planeta" estão prometidos para o próximo verão no hemisfério norte.
Para os leitores que escreveram pedindo, o site na internet dos dois críticos de cinema de Chicago é siskel-ebert.com


e-mail: ehamb@uol.com.br




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