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TELEVISÃO
Crianças cruéis são o segredo de "South Park"
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha, em Austin
"South Park" é o desenho animado cool do momento nos EUA.
Estrelado por quatro moleques
feitos de papel recortado, o visual
ingênuo do programa engana. As
crianças são cruéis e falam uma
linguagem chula e direta.
O sucesso do seriado que alguns
consideram o "mais estúpido" e
politicamente incorreto da televisão, tem causado espécie. Os americanos se perguntam se ele se deve à alguma verdade atingida pelo
programa ou se os índices ascendentes de audiência revelam que
esta é uma nação de retardados.
"South Park" estreou em dezembro de 96 com um programa que
circulou de mão em mão até ser
exibido pela emissora de TV a cabo "Comedy Central". O programa de Natal rendeu à emissora seu
recorde de audiência. Com irreverência, sadismo e sacrilégio, o episódio curto contava a história da
vingança de Jesus Cristo contra
Papai Noel, o responsável pela difamação de seu nome.
Nove episódios foram produzidos e repetidos duas vezes por semana no mesmo canal, que continua a investir no seriado da dupla
de estreantes Trey Parker, 28, e
Matt Stone, 26. Os dois criadores
fazem o texto, a animação e as vozes dos personagens.
O custo do episódio é $300.000,
bem abaixo da marca de 1.8 milhão de "Os Simpsons", pioneiro
no gênero animação para adultos
que assola a televisão americana
nos anos 90.
O seriado se passa em South
Park, uma cidadezinha do Colorado, onde o clima é sempre invernal. Mas o panorama desolador do
repertório local poderia representar qualquer subúrbio americano.
Jesus Cristo se tornou personagem recorrente na figura do apresentador de um programa de auditório, que as crianças não só assistem como participam concorrendo a prêmios por exemplo, pelo vídeo caseiro mais idiota.
Cartman, Stan, Kyle e Kenny são
neuróticos e infames. Kenny morre em quase todos os episódios. Os
adultos não apitam no universo
infame e desprovido de sentido de
seus filhos, que ironizam da preferência contemporânea pelas minorias, ao feminismo e à figuras da
cultura televisiva como Barbara
Streisand ou Mary Tyler Moore.
Em fevereiro último quatro novos episódios foram ao ar. Mais 20
novas histórias profanas dessa
versão americana, não jornalística
do "Casseta e Planeta" estão prometidos para o próximo verão no
hemisfério norte.
Para os leitores que escreveram
pedindo, o site na internet dos
dois críticos de cinema de Chicago
é siskel-ebert.com
e-mail: ehamb@uol.com.br
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