São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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POLÊMICA
Platéia do filme incluiu Sean Penn e Divine Brown
"Kurt e Courtney" estréia nos EUA

ADRIANE GRAU
especial para a Folha,

em San Francisco Criado sob a maldição de Courtney Love e lançado após a polêmica retirada do Sundance Festival, o documentário "Kurt e Courtney" finalmente chegou ao público na última sexta-feira, em San Francisco.
Poucas horas antes da sessão, o advogado de Courtney Love, Michael Chodos, enviou um fax para o cinema tentando impedir que o filme fosse exibido.
"A senhora Love não tem nenhuma disputa legal a respeito do filme neste momento e não deseja ter", diz a carta. "No entanto, caso vocês mostrem o filme ou dêem fórum para Hank Harrison (pai de Courtney Love) se expressar, então, sob a lei da Califórnia, vocês podem ser igualmente punidos pelos danos causados por qualquer afirmação falsa ou maliciosa a respeito da senhora Love."
O diretor Nick Broomfield possui os direitos do filme fora da Inglaterra e escolheu pessoalmente o cinema Roxie para a estréia internacional. A sala de 275 lugares fica no boêmio bairro latino Mission, dominado pelo tráfico de heroína e habitado por mendigos e viciados.
"Escolhi o Roxie por ser independente e único", justifica Broomfield. "Não faz parte das redes de cinema que se preocupam em ganhar dinheiro, em lotar a platéia e que, por isso, se tornam vulneráveis."
Protesto
Em janeiro, o filme havia sido mostrado apenas para a imprensa, em Park City, no festival paralelo Slamdance.
A fila para a sessão das 20h começou a se formar às 18:30h. Na platéia lotada estavam o ator Sean Penn e a mulher Robin Wright Penn, o baterista do Metallica Lars Ulrich e a prostituta Divine Brown.
Sentado na última fila, Hank Harrison resistiu com frieza a reação do público que berrava em protesto contra suas críticas à própria filha, captadas pela câmera de Broomfield.
Numa das passagens mais vaiadas, ele revela como foi duro com Courtney quando ela se refugiou em sua casa após sair de um dos vários reformatórios por que passou durante a adolescência.
"Já entendi seu jogo", afirma ele, justificando estar tentando proteger o futuro da neta Frances, 5. "Mas ainda sou o pai, e meu amor ainda é durão."
O investigador particular Tom Grant também assistiu o filme. Ele foi contratado por Courtney Love para encontrar Kurt Cobain, que havia fugido de uma clínica de recuperação de viciados em drogas pouco antes de sua morte.
O documentário ficará em cartaz no Roxie durante três semanas. "O que eu quero é mostrar que o filme pode ser exibido sem problemas legais e que o público quer assisti-lo", afirma Broomfield.




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