São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

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Pesquisadora ganha título de cidadã da "Canudos" baiana Vice-prefeito vem a São Paulo

PATRICIA DECIA
da Reportagem Local

De um lado, o vice-prefeito. Do outro, uma professora emérita do departamento de sociologia da USP. O encontro, marcado por uma homenagem hoje em São Paulo, pretende resgatar a memória de um beato que fundou, nos anos 40, uma comunidade nos moldes de Canudos no sertão da Bahia.
Maria Isaura Pereira de Queirós (não revela a idade) foi pesquisar pela primeira vez em Santa Brígida, situada a 60 quilômetros de Paulo Afonso, no polígono da seca, em 1954.
Mais de 40 anos depois, ganha o título de cidadã honorária da cidade, outorgado pela Câmara dos Vereadores e trazido a São Paulo pelo vice-prefeito Antônio França, 32 (PTB). A homenagem deve se concretizar às 16h, no Ceru (Centro de Estudos Rurais e Urbanos), da USP.
Ele, filho e sobrinho de romeiros que se instalaram em Santa Brígida atrás do beato e hoje comandam a política local, quer que a cidade entre no mapa do turismo no Brasil. Para tal, tenta resgatar e divulgar a história do conselheiro Pedro Batista, o objeto de estudo da professora.
A cidade era um arraial de 15 casas em 1945, quando Batista chegou. Ele atraiu centenas de romeiros e fez alianças com o chefe político da região, o coronel João Sá, oferecendo votos.
Morreu em 1967 e é considerado o principal responsável pelo povoamento da cidade que conta hoje com 17 mil habitantes, 80% vivendo em zona rural.
"Ela foi a primeira a estudar o padrinho. Graças a ela hoje há livros e um filme que mostram o conselheiro Pedro Batista. Estamos tentando fazer a homenagem a ela na Bahia há um ano", conta o vice-prefeito
O filme de que fala França foi rodado em 1967 pelo professor e cineasta Sérgio Muniz. "O Povo de Pedro" foi exibido no Brasil apenas no ano passado, mas agora deve ser multiplicado em 200 cópias.
Maria Isaura, que é um tanto avessa a entrevistas, diz que faz apenas uma menção rápida - menos de um capítulo- a Santa Brígida em seu livro "O Messianismo no Brasil e no Mundo". Afirma também que não quer saber de homenagens.
"Não quero voltar. É um motivo pessoal e eu não espalho. Tenho muitas idiossincrasias." E completa: "Ele vai me dar um envelopinho. Não quero saber de homenagens. Se acontecer qualquer evento na USP, não estarei lá."



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