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CONTO MORAL
"Poder Absoluto" expõe fraqueza do império
der Absoluto",
filme dirigido
e estrelado
por Clint Eastwood sobre
assassinato e
corrupção no
governo dos
EUA
da Reportagem Local
Qual o "Poder Absoluto" de que
fala Clint Eastwood em seu filme?
Temos como trama a história de
um ladrão -tão sórdido e desonesto quanto sua ocupação exige- que testemunha, por acaso,
um assassinato. A morte de uma
mulher.
Mas não se trata, de maneira alguma, de um crime comum. E a
surpresa está no assassino: o presidente dos EUA.
Estamos, portanto, diante de
uma história que se anuncia com
repentina e atordoante inversão
de valores: aquele que sempre ganhou a vida no desvio, praticando
atos ilegais, quer levar a julgamento um outro que é seu inverso,
pois a natureza do cargo -a Presidência- o transforma em um representante do bom e do belo.
Eastwood nos oferece um suspense hollywoodiano. Há em "Poder Absoluto" tudo o que o gênero
exige: tensão, surpresa, emoção e
uma equilibrada dose de violência.
A isso ele acrescenta um conto
moral.
Há em seu cinema uma série de
exigências. A mais ambiciosa, e
que de certa maneira talvez contenha todas outras, é a necessidade
de compreender o que significam
os EUA, uma nação tão crente em
seus próprios mitos - assim Eastwood nos mostra- que é incapaz
de perceber o quanto de sua história é amoral, selvagem.
No jogo de culpa e punição de
todo o filme, o que está sendo julgado não é então apenas um homem e seu crime.
O que escandaliza o ladrão (interpretado pelo próprio Eastwood) são todas as ilegalidades e
violências cometidas para que o
presidente (Gene Hackman, perfeito) não pague pelo seu ato. Enfim, o poder absoluto.
Assim, há mais de um assassinato cometido. Além de uma mulher, uma instituição também
morre, vitimada pela corrupção.
Eastwood se incomoda com a situação e seu filme se torna sombrio, carregado. Quanto mais
mergulhamos no mundo do presidente e seus homens, menos soluções ele nos oferece.
Os Estados Unidos de "Poder
Absoluto", ao contrário do que
parecem nos informar as notícias
de todos os dias, não são o novo
império, mas apenas um lugar de
incertezas, da vitória da aparência,
que estrategicamente foi colocada
no lugar da essência.
Mas Clint Eastwood é também
um crente. Tem fé em que a ordem
pode ser estabelecida, a pureza,
recolocada em seu lugar e o país,
retomar seu destino.
Só não será mais de cima para
baixo, do governo em direção ao
homem, e sim o inverso. Ainda
que tudo tenha que ser iniciado
por um ladrão.
(MR).
Filme: Poder Absoluto
Produção: EUA, 1997
Direção: Clint Eastwood
Lançamento: Columbia (011/5503-9899
ou 9898)
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