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Mostra exibe seis vertentes de trabalho de Beuys
Exposição aborda a produção italiana do artista alemão e será realizada em paralela à Bienal, em setembro, no Sesc
As instalações são apenas uma das seis vertentes da exposição; haverá também pôsteres, vídeos, fotos e ciclo de conferências
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1971, Joseph Beuys foi
convidado pelo galerista Lucio
Amélio a organizar sua primeira mostra na Itália, em Capri.
Nessa exposição, ele criou o
slogan "La Rivoluzione Siamo
Noi" (A revolução somos nós),
para abordar as mazelas da democracia italiana. Na abertura,
um jovem estudante ficou fascinado com o que viu. "Havia
tanta gente que nem todos conseguiram entrar na galeria, e eu
mesmo nem compreendi direito o que vi, mas fiquei impressionado com o carisma do
Beuys", disse Antonio D'Avossa
à Folha, por telefone.
Quase 40 anos depois, D'Avossa prepara "A Revolução
Somos Nós", que irá abordar a
produção italiana de Beuys.
"Depois da Alemanha, foi na
Itália onde ele produziu a
maior parte de obras. Vamos
mostrar desde o pôster de 1971
até sua última instalação, "Terremoto", de 1985, criada quatro
meses antes de ele morrer", diz
o curador e autor de "Joseph
Beuys - Difesa della Natura".
Além de "Terremoto", inspirada num terremoto real, ocorrido em Palermo, abordando
assim o conceito de catástrofe,
a mostra terá também a instalação "Arena", de 1972, realizada em Verona, outra obra que
aborda a democracia.
Contudo, as instalações são
apenas uma das seis vertentes
da exposição. "Beuys é como
um diamante. Ele tem muitas
faces, mas todas estão conectadas: a pedagógica, a política, a
ecológica e a escultura são algumas das mais importantes",
diz D'Avossa.
As demais vertentes da mostra são: os múltiplos, numa seleção dos 600 que Beuys criou
como forma de democratizar
sua obra; os pôsteres, cerca de
200, apresentando a coleção do
italiano Luigi Bonotto, que
possui o conjunto completo; os
vídeos, divididos em três sessões (documentação, discussão
e documentários); fotos e ciclo
de conferências.
Uma das curiosidades da
mostra é a comparação que
D'Avossa faz entre as viagens
de Beuys pela Itália com as andanças de Goethe pelo mesmo
país, entre 1786 e 1788, quando
usou um pseudônimo para se
misturar à população.
Beuys esteve na Itália muitas
vezes -em Veneza, Roma, Milão, Nápoles e Verona, entre
outras. "Assim como Goethe,
quando ele estava em Nápoles,
por exemplo, se transformava
num napolitano. Por isso, todos os seus trabalhos italianos
abordam questões locais, como
a agricultura, onde criou o slogan "Defesa da Natureza", em
1977", diz o curador.
Durante a mostra, será ainda
instalada em São Paulo a Universidade Livre, criada por
Beuys e mantida por seu aluno
Jochen Stuttgen. "O ciclo de
debates e a Universidade Livre
são fundamentais na mostra,
pois duas das questões centrais
no trabalho do Beuys eram a
difusão e o debate de ideias",
diz ainda D'Avossa.
(FABIO CYPRIANO)
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