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"S" busca movimentos espiralados
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O espetáculo "S" é um interlúdio na carreira de Claudia de Souza, coreógrafa paulistana que promove uma singular associação
entre a capoeira e a técnica de
dança moderna concebida pela
americana Martha Graham.
Em vez de dançar com seu grupo completo -o Danças, formado em 1994-, Claudia desta vez
sobe ao palco para interpretar, ao
lado de Renée Gumiel, Cristiana
de Souza e Ana Luiza Santoro, sua
parceira na criação de "S", o resultado de uma pesquisa que busca
reconhecer os movimentos espiralados do corpo humano, a partir da técnica de Graham.
"O espetáculo nasceu das improvisações sem música, que foram estimulando sensações específicas, as quais passamos a relacionar à natureza feminina", diz
Claudia de Souza.
"A presença de Renée representa o corpo feminino experiente.
Por ter fraturado o fêmur no passado, ela tem dificuldades para
andar. Mas, à medida que se envolve com o movimento, Renée
dança melhor do que anda. Além
do mais, ela nos proporciona a experiência de contracenar verdadeiramente, e esse diálogo que estabelece em cena, ela estende inclusive à música."
Segundo Claudia, o "S" do título
remete ao desenho espiral, cuja sinuosidade também influenciou a
música de Danilo Tomic, que ele
interpreta ao vivo.
Sempre em sintonia com a dança, Tomic trabalhou com o coreógrafo e professor Klauss Vianna,
com o qual desenvolveu uma pesquisa sobre som e movimento.
Tomic já havia trabalhado também com Renée Gumiel quando
se mudou para a Alemanha, onde
estudou durante dois anos.
Em "S", Tomic utiliza tambores,
piano e shakuhachi, a milenar
flauta de bambu de origem japonesa. "Esse instrumento antigo
realça as polaridades da trilha
musical, que aproxima sonoridades remotas e contemporâneas. O
tema de "S" é marcado por uma sinuosidade melódica, que se repete em vários formatos ao longo da
obra, como um leitmotiv."
Tomic acrescenta que a interpretação da música é influenciada
pelos movimentos de Renée Gumiel e das demais bailarinas. "A
sintonia mútua intensifica a vitalidade do espetáculo."
(AFP)
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