São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA

Documentário "Antártida Profunda", com imagens captadas por quatro mergulhadores, será exibido na Argentina

Longa mostra o que há sob águas antárticas

DENISE MOTA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MONTEVIDÉU

De uma conversa de bar, surgiu a pergunta: o que existe debaixo da Antártida? Da questão, nasceu o documentário "Antártida Profunda", com imagens feitas por quatro mergulhadores na base Jubany, onde trabalham pesquisadores argentinos no continente. O centro de pesquisa está localizado na ilha Rei George, onde também funciona a estação brasileira Comandante Ferraz, além de outras bases científicas de Chile, Uruguai, Rússia, Polônia, China e Coréia do Sul.
"As primeiras incógnitas que nos colocamos foram: o que há sob o continente? É possível mergulhar ali? Depois, pesquisando melhor, descobrimos que não existiam documentários argentinos sobre a vida aquática da Antártida. Conversando com o pessoal da Direção Nacional do Antártico soubemos que, apesar de serem feitos muitos trabalhos científicos em Jubany, vários debaixo d'água, não havia registros em imagens. Entre a vontade e o desafio de mergulhar na Antártida e por querer mostrar tudo o que se faz na base, decidimos embarcar nesse documentário. Foi difícil, mas tivemos apoios de muitas pessoas", afirma Silvana Ercolano, diretora do projeto.
Com apoio governamental -principalmente para transporte da equipe de filmagem, liberação de documentos e assessoramento científico-, da iniciativa privada -que pagou os equipamentos e roupas necessários para mergulho na região (com a água à temperatura de dois graus negativos)- e capitaneado por uma emissora argentina, o projeto levou quatro semanas para ser concluído, depois de seis meses de preparação. A base Marambio, também argentina, serviu como hospedagem alternativa para os realizadores, quando as condições climáticas de Jubany não eram as mais propícias para as filmagens.
O documentário sobre o continente -um território que possui 98% de sua superfície recoberta por geleiras e onde já se registrou temperatura de 89,2 graus negativos, em 1983- será exibido em duas partes na televisão argentina, nos dias 23 e 30 de abril. O principal objetivo é mostrar as imagens "ao resto do país, exibir a vida que existe num ambiente tão frio e hostil". Outra ambição dos realizadores é, depois da exibição na TV, viajar com o filme. "A Antártida é um imenso laboratório natural, o único lugar virgem do mundo, perfeito para estudar e entender o planeta. E a base Jubany é ideal porque aí existem flora e fauna representativas de todo o continente", diz Ercolano. "A equipe irá a algumas escolas para apresentá-lo aos alunos pessoalmente. Nosso sonho é ir a La Quiaca, no extremo norte da Argentina, para que as crianças vejam o que está sendo feito na outra ponta do país."
Fora da Argentina, "Antártida Profunda" está presente apenas na internet (em www.buceo.com.ar/antartida.htm), na qual a equipe escreveu um diário de bordo e publicou fotos da base e do projeto.

Texto Anterior: Literatura: Morre, aos 94 anos, a autora do livro infanto-juvenil "O Escaravelho do Diabo"
Próximo Texto: Sala na Antártida exibe produções da Argentina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.