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MÚSICA
Britânico mostra conceito de expansão da voz no Centro Maria Antonia e faz performance com escultura na Virgilio
Phil Minton explora improviso livre em suas apresentações
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para o britânico Phil Minton,
cantar vai muito além de produzir
sonoridades "belas" com uma voz
treinada. Nas apresentações e
workshops que faz no Brasil, a
partir desta semana, o cantor
mostra um conceito expandido
do que é a voz e das possibilidades
estéticas de seu aproveitamento.
"Eu não sei o que vai acontecer
em meus espetáculos até abrir a
boca", afirma Minton. "Trabalho
muito com improvisação, e a improvisação, às vezes, é pura novidade, enquanto em outras é lembrança de coisas que você já fez."
Minton se apresenta amanhã,
no Centro Universitário Maria
Antonia. Fiel à sua filosofia de trabalhar com populações de baixa
renda, ele ministra workshops em
locais como a União dos Movimentos de Moradia (dia 4), na
Barra Funda, e o CEU Inácio
Monteiro (dia 6), em Cidade Tiradentes. As atividades do artista
britânico incluem ainda oficinas e
performances em Pouso Alegre
(MG) e na Oficina Virgilio, em
São Paulo. "Improviso para Vidro
e Gelo", espetáculo com a artista
plástica Patrícia Osses e os músicos Thomas Rohrer e Miguel Barella, envolve uma escultura de vidro e gelo em forma de cubo que
se modifica até se destruir, enquanto os sons por ela gerados
são processados pelos musicistas.
Nascido em Torquay, em 1940,
Minton começou como trompetista e tem seu nome associado às
correntes musicais que trabalham
com improvisação livre. "Em
meus workshops, trabalho com as
pessoas -não ensino nada nem
digo a elas o que fazer", afirma. "A
única coisa que eu digo é para o
pessoal de música eletrônica não
tocar tão alto. Via de regra, eles
não têm conceito de dinâmica."
As oficinas podem incluir um
público-alvo que não tem formação musical. "Trabalho com qualquer tipo de gente que queira usar
a voz. Emprego sons que não são
difíceis de produzir."
Esses sons acabam soando inusitados para quem parte de conceitos muito rígidos de como deve
ser o canto, pois incluem exercícios como o riso e onomatopéias.
"Já fiz workshops na Ásia, na África e na América, e a maioria das
pessoas conhece esses sons, mas
não pensa neles como música. A
voz tem muito potencial, mas as
pessoas não o exploram."
Por isso esse tipo de ação vem a
ser mais simples com quem não
recebeu nenhum tipo de instrução vocal. "Quando eu peço a cantores de ópera para fazer uma determinada coisa, eles se perdem e
não entendem o que estou pedindo. Uso o riso em meus exercícios, e eles simplesmente não conseguem rir. Essa gente tem dificuldade em ser espontânea."
Música na Maria Antonia
Quando: amanhã, às 20h30
Onde: Maria Antonia (r. Maria Antonia,
294, tel. 0/xx/11/3255-7182)
Quanto: entrada franca
Improviso para Vidro e Gelo
Quando: domingo, às 18h
Onde: Oficina Virgilio (r. Virgilio de
Carvalho Pinto, 422, tel. 0/xx/11/3061-2999)
Quanto: R$ 5
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