São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

Britânico mostra conceito de expansão da voz no Centro Maria Antonia e faz performance com escultura na Virgilio

Phil Minton explora improviso livre em suas apresentações

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para o britânico Phil Minton, cantar vai muito além de produzir sonoridades "belas" com uma voz treinada. Nas apresentações e workshops que faz no Brasil, a partir desta semana, o cantor mostra um conceito expandido do que é a voz e das possibilidades estéticas de seu aproveitamento.
"Eu não sei o que vai acontecer em meus espetáculos até abrir a boca", afirma Minton. "Trabalho muito com improvisação, e a improvisação, às vezes, é pura novidade, enquanto em outras é lembrança de coisas que você já fez."
Minton se apresenta amanhã, no Centro Universitário Maria Antonia. Fiel à sua filosofia de trabalhar com populações de baixa renda, ele ministra workshops em locais como a União dos Movimentos de Moradia (dia 4), na Barra Funda, e o CEU Inácio Monteiro (dia 6), em Cidade Tiradentes. As atividades do artista britânico incluem ainda oficinas e performances em Pouso Alegre (MG) e na Oficina Virgilio, em São Paulo. "Improviso para Vidro e Gelo", espetáculo com a artista plástica Patrícia Osses e os músicos Thomas Rohrer e Miguel Barella, envolve uma escultura de vidro e gelo em forma de cubo que se modifica até se destruir, enquanto os sons por ela gerados são processados pelos musicistas.
Nascido em Torquay, em 1940, Minton começou como trompetista e tem seu nome associado às correntes musicais que trabalham com improvisação livre. "Em meus workshops, trabalho com as pessoas -não ensino nada nem digo a elas o que fazer", afirma. "A única coisa que eu digo é para o pessoal de música eletrônica não tocar tão alto. Via de regra, eles não têm conceito de dinâmica."
As oficinas podem incluir um público-alvo que não tem formação musical. "Trabalho com qualquer tipo de gente que queira usar a voz. Emprego sons que não são difíceis de produzir."
Esses sons acabam soando inusitados para quem parte de conceitos muito rígidos de como deve ser o canto, pois incluem exercícios como o riso e onomatopéias. "Já fiz workshops na Ásia, na África e na América, e a maioria das pessoas conhece esses sons, mas não pensa neles como música. A voz tem muito potencial, mas as pessoas não o exploram."
Por isso esse tipo de ação vem a ser mais simples com quem não recebeu nenhum tipo de instrução vocal. "Quando eu peço a cantores de ópera para fazer uma determinada coisa, eles se perdem e não entendem o que estou pedindo. Uso o riso em meus exercícios, e eles simplesmente não conseguem rir. Essa gente tem dificuldade em ser espontânea."


Música na Maria Antonia
Quando:
amanhã, às 20h30
Onde: Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/xx/11/3255-7182)
Quanto: entrada franca

Improviso para Vidro e Gelo
Quando:
domingo, às 18h
Onde: Oficina Virgilio (r. Virgilio de Carvalho Pinto, 422, tel. 0/xx/11/3061-2999)
Quanto: R$ 5


Texto Anterior: Evento: Encontro de poetas propõe crítica à apatia nas letras
Próximo Texto: Crítica/Disco: Izabel Padovani canta os triunfos do "Desassossego"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.