São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2008

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Prima-dona

Em meio à preparação de uma ópera, o cantor Rufus Wainwright vem pela 1ª vez ao Brasil para 4 apresentações em família

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

O americano Rufus Wainwright é músico "de família". Ele é filho do compositor, ator e cantor (e já chamado de "novo Dylan") Loudon Wainwright 3º com a cantora Kate McGarrigle, e tem como irmã a também cantora Martha Wainwright, cujo "I Know You're Married But I've Got Feelings Too", seu segundo disco, será lançado na Europa em junho.
Rufus se apresenta pela primeira vez no Brasil neste mês: no dia 7, no Rio; dia 9, em São Paulo; dia 11, em Belo Horizonte; e dia 13, em Brasília. E boa parte da família estará com ele nos palcos daqui. "Minha irmã e minha mãe viajam comigo ao Brasil. Haverá algumas surpresas familiares", ele adianta à Folha.
Dividir o palco com outros Wainwrights não é novidade para o cantor de 34 anos, dono de cinco álbuns (fora um disco em que homenageia Judy Garland) e que atualmente escreve uma ópera, batizada "Prima Donna" -mais sobre isso daqui a pouco, porque agora Rufus quer falar sobre família:
"Cresci com meus familiares no palco. Já participei de algumas turnês da minha mãe quando era adolescente", conta. "Hoje isso é raro, às vezes no Natal, ou quando elas querem fazer algo especial. Mas minha mãe e minha irmã só querem fazer algo especial no Brasil. Para Ohio [Estado norte-americano], por exemplo, ninguém quer viajar", brinca.
No Brasil, Rufus não virá acompanhado por banda -estará sozinho no palco, revezando-se entre piano e guitarra, instrumentos com os quais mantém uma relação... íntima. "Adoro tocar esses dois instrumentos. O piano é a minha mulher, a guitarra é a minha... amante. As pessoas me identificam mais com o piano."

Narcisista e precoce
Rufus Wainwright é descrito como uma diva -e ele adora. Quando criança, costumava se fantasiar de Dolly Parton no Dia das Bruxas. É -assumidamente- narcisista, ambicioso e vaidoso. E precoce.
Apoiado pela mãe, com quem viveu quando criança após o divórcio dos pais, Rufus começou a tocar piano aos seis anos. Aos 13, estreou nos palcos, em excursão com a mãe. Aos 14, escreveu a música "I'm A-Runnin'", para o filme "Tommy Tricker and the Stamp Traveller" -a faixa foi indicada para um prêmio no Genie Awards (espécie de Oscar canadense).
Mas, também aos 14, sofreu uma das mais terríveis experiências de sua vida. Estava num pub em Londres, onde conheceu um homem. Foram ao Hyde Park, e Rufus foi estuprado. "Ele me segurou, apertou minha garganta e quase me estrangulou... E disse para eu não gritar, senão me mataria."
Após os 20 anos, consumiu de crack a heroína, passando por álcool. O amigo Elton John o indicou a uma clínica de reabilitação. "Release the Stars" (2007) é o primeiro disco em que está totalmente "limpo".

Clima dramático
Rufus é artista na melhor tradição barroca. Seus discos possuem arranjos orquestrados, complexos; um clima dramático, intenso e, propositalmente, grandiloqüente. Amores não-correspondidos, desolações, religião são alguns temas de suas letras, descritos com ironia e erudição raras na música pop. Fã de Mozart, Verdi e Wagner, a ópera sempre esteve presente em sua música. Hoje, Rufus prepara seu mais ambicioso projeto: a composição da ópera
"Prima Donna", que será encenada no Metropolitan, em NY. "É sobre um dia e uma noite na vida de uma cantora de ópera. Quero que seja uma ópera em sua melhor tradição", diz, citando como referências Maria Callas e Norma Desmond.
Se a ópera é o projeto mais ambicioso, o mais extravagante foi reencenar um famoso concerto de 1961 de Judy Garland no Carnegie Hall, em Nova York -que foi lançado em disco em dezembro de 2007.
No Brasil, ele adianta que algo de Judy Garland deve estar nos shows. "Vou cantar canções de todos os meus discos. É um material bem variado."


RUFUS WAINWRIGHT
Quando:
no próximo dia 9, às 21h30
Onde: no Via Funchal (r. Funchal, 65, São Paulo; tel. 0/xx/11/3897-4456)
Quanto: de R$ 50 (platéia lateral) a R$ 180 (camarote e platéia VIP)


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