São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003 |
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Próximo de completar 70 anos, o saxofonista Wayne Shorter quer marcar comemoração com o que "acontecerá de agora em diante" Alegria, alegria
CASSIANO ELEK MACHADO DA REPORTAGEM LOCAL Wayne Shorter, isso não se discute, é um dos maiores personagens vivos do jazz. O saxofonista e compositor enxerga no retrovisor uma explosiva participação na banda The Jazz Messengers, do baterista Art Blakey, no final dos anos 50, a "substituição" de John Coltrane no quinteto de Miles Davis, nos anos 60, e as tempestades que criou com o grupo Weather Report, pioneiro do fusion, nos anos 70. E eis que Shorter, nos anos 80, se encolheu. Sua discografia parou de crescer, o compositor de clássicos como "Nefertiti" e "JuJu" deixou de assinar novas partituras de impacto, diminuíram até mesmo suas turnês. Foi só no novo milênio que o saxofonista tomou embalo de novo. Em 2001, uma boa parceria com o colega de Miles Davis Quintet Herbie Hancock. Em 2002, seu primeiro álbum ao vivo como líder, o saboroso "Footprints Live!". Agora, o músico de Nova Jersey achou "Alegría". É este o nome de seu novo álbum, que tem como base uma canção espanhola que Miles sugeriu que ele usasse nos anos 60 -partitura que andava perdida. Como o nome indica, o disco marca um momento otimista de Shorter. Em agosto, ele completará 70 anos com um grande concerto chamado "Wayne Shorter, Vida e Música". Em entrevista à Folha, o saxofonista diz: "Não vou tocar nenhuma das minhas velhas composições. Vou usar essa única noite para marcar o que será o futuro". Com vocês Wayne Shorter, de volta para o futuro. Folha - "Alegría" é uma palavra
latina e há muita latinidade no disco. O sr. já usou influências de várias outras origens. Como é cozinhar nesse caldeirão cultural em
um país como os EUA? Folha - O sr., que já tem longa relação com a MPB, gravou agora um
tema de Villa-Lobos. Qual o papel
da música brasileira nessa luta antiignorância? Folha - Dizem que a música "Vendiendo Alegría", que o sr. grava, foi
um presente de Miles Davis. Como
foi essa história? Folha - "Alegría" parece ter uma
forte relação com o estilo de música que Gil Evans orquestrava para
Miles Davis no final dos anos 50. O
sr. buscou essa sonoridade? Folha - Ouvidos grandes... Folha - O sr. faz parte do pequeno
grupo de jazzistas que destruiu padrões musicais e apresentou novos
no lugar. O sr. acha que ainda é
possível criar algo de novo no jazz? Folha - Mas existe algo de novo
no jazz de hoje? Folha - O sr. completará 70 anos
em agosto com um concerto chamado "Wayne Shorter, Vida e Música". É possível fazer uma espécie de
balanço de sua carreira até aqui? |
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