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MÚSICA
TNT apresenta um Rock in Rio sem catarse
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
No ano passado, Lisboa foi palco da quarta empreitada roqueira
de Roberto Medina. O Rock in
Rio-Lisboa aterrissou na capital
portuguesa e levou aos lusitanos
seu know-how de gigantismo.
A preocupação não era a de
apontar os novos caminhos dentro do rock -não dá para ser
vanguarda diante de 100 mil pessoas. Ou é sucesso garantido ou
vai para a Tenda Raízes.
Assim, temos a escalação que
poderia tomar uma dura do Procon d'Além-Mar. Britney Spears,
o ministro-menestrel Gilberto
Gil, Alicia Keys e outras atrações
de mérito roqueiro discutível,
mas de apelo popular inegável.
Como não é um festival anual,
não tem obrigação de ser atualizado, como o são Glastonbury, Reading, Coachella. Logo, Medina
pinça atrações para um público
de 8 a 80 anos. Então há Paul
McCartney -o que impede que o
festival seja dispensável- e astros
cobertos de pátina, como Sting e
Peter Gabriel. E isso ainda poderia
ser dito do já cansado Metallica.
Há amostras esparsas do que se
faz aqui e ali no pop. O hip-hop-com-gostosa do Black Eyed Peas,
o bom rock retrô do Jet, o gótico
de butique (gotique?!) do Evanescense e o excelente Foo Fighters.
Funciona? É bem provável.
Emociona? Nem tanto. Basta ver
as imagens e procurar nelas aquilo que os festivais de rock sempre
conseguem: ícones.
Não há, em todo o jogo de câmeras e gruas, algo que sintetize e
eternize o festival. Não há uma
multidão orando "Love of My Life", como o Queen fez no Rock in
Rio 1, nem mesmo um artista em
transe, como Jimi Hendrix no
longínquo Woodstock. Pode até
revelar um ou outro bom artista
aos desavisados que se agradam
de Alejandro Sanz, mas será muito pouco, dentro até do que o próprio Rock in Rio já fez.
Fica a esperança de que um dia,
voltando a este lado dos trópicos,
o Rock in Rio torne a ser um festival de rock, com algum direito à
urgência e à catarse.
Rock in Rio-Lisboa
Quando: hoje, às 22h, no TNT
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