São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2005

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MÚSICA

TNT apresenta um Rock in Rio sem catarse

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

No ano passado, Lisboa foi palco da quarta empreitada roqueira de Roberto Medina. O Rock in Rio-Lisboa aterrissou na capital portuguesa e levou aos lusitanos seu know-how de gigantismo.
A preocupação não era a de apontar os novos caminhos dentro do rock -não dá para ser vanguarda diante de 100 mil pessoas. Ou é sucesso garantido ou vai para a Tenda Raízes.
Assim, temos a escalação que poderia tomar uma dura do Procon d'Além-Mar. Britney Spears, o ministro-menestrel Gilberto Gil, Alicia Keys e outras atrações de mérito roqueiro discutível, mas de apelo popular inegável.
Como não é um festival anual, não tem obrigação de ser atualizado, como o são Glastonbury, Reading, Coachella. Logo, Medina pinça atrações para um público de 8 a 80 anos. Então há Paul McCartney -o que impede que o festival seja dispensável- e astros cobertos de pátina, como Sting e Peter Gabriel. E isso ainda poderia ser dito do já cansado Metallica.
Há amostras esparsas do que se faz aqui e ali no pop. O hip-hop-com-gostosa do Black Eyed Peas, o bom rock retrô do Jet, o gótico de butique (gotique?!) do Evanescense e o excelente Foo Fighters.
Funciona? É bem provável. Emociona? Nem tanto. Basta ver as imagens e procurar nelas aquilo que os festivais de rock sempre conseguem: ícones.
Não há, em todo o jogo de câmeras e gruas, algo que sintetize e eternize o festival. Não há uma multidão orando "Love of My Life", como o Queen fez no Rock in Rio 1, nem mesmo um artista em transe, como Jimi Hendrix no longínquo Woodstock. Pode até revelar um ou outro bom artista aos desavisados que se agradam de Alejandro Sanz, mas será muito pouco, dentro até do que o próprio Rock in Rio já fez.
Fica a esperança de que um dia, voltando a este lado dos trópicos, o Rock in Rio torne a ser um festival de rock, com algum direito à urgência e à catarse.


Rock in Rio-Lisboa
Quando:
hoje, às 22h, no TNT


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