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Giannotti cria diálogos entre a cor e o espaço
Artista egresso da Geração 80 ganha mostra na Estação Pinacoteca, em São Paulo
Livro da Cosacnaify enfoca trajetória de 20 anos do paulistano, com textos de críticos como Nelson Brissac Peixoto e Tadeu Chiarelli
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma cidade oblíqua surge
com força na pintura de Marco
Giannotti. No entanto, não se
esperam imagens figurativas da
metropolitana São Paulo nas
suas 28 telas expostas em "Passagens", mostra que é aberta
hoje na Estação Pinacoteca.
"Não nego a influência de São
Paulo. Sou um artista paulista e
me orgulho disso em meu trabalho", afirma ele, que escolheu
como curador da exposição
Nelson Brissac Peixoto, leitor
crítico de sua obra por 15 anos.
A ausência de amplas panorâmicas e de perspectivas de
grande horizontalidade refletem a difícil São Paulo nos óleos
recentes de Giannotti, mas ajudam a compor o diálogo entre
cor e espaço em seus trabalhos.
"A mostra foi montada de
forma que a arquitetura desse
local dialogue com as pinturas.
Elas ganham novas leituras de
acordo com a circulação do público pelo espaço, criando relações plásticas", explica ele. "Há
um embate corpóreo do observador com essas grandes telas."
Trajetória
A exposição é acompanhada
do lançamento de um livro,
"Marco Giannotti" (ed. Cosacnaify, R$ 65, 156 págs.), que resume a trajetória de 20 anos do
artista, surgido na Geração 80,
sempre lembrada como a do retorno da pintura ao cenário das
artes visuais brasileiras.
Alberto Tassinari, Paulo Sergio Duarte, Lorenzo Mammì e
Tadeu Chiarelli são alguns dos
críticos de arte que assinam
textos da edição.
Giannotti acredita que, analisada em revisão, sua pintura está mais madura. "Isso é natural.
Creio que o pintor tem mesmo
esse período de decantação, vai
assimilando e conhecendo melhor a técnica", diz ele. "Já não
tenho mais aquele sentimento
de que, com minha obra, nunca
vou chegar ao que meus mestres fizeram. Convivo com Volpi e com Rothko há 20 anos, e
cada vez mais aprendo com as
obras deles, a cada novo olhar."
O artista acha que houve uma
"inflexão crítica" de sua geração em meados dos anos 80,
quando vários dos então jovens
nomes foram reunidos na galeria Paulo Figueiredo. "Foi lá,
junto do Paulo Pasta e do Fábio
Miguez, entre outros, que conhecemos o trabalho da Mira
Schendel [1919-1988]. Ela foi
essencial no nosso trabalho."
Giannotti, apesar da apurada
elaboração de sua obra, tenta
agregar o acaso em seus quadros. "A arte perde quando fica
cerebral em excesso. Por isso,
acho importante que a pintura
tenha o meu gesto, a minha
mão. Quando o público chega
perto das telas, pode perceber
pequenas imperfeições."
Professor de artes plásticas
da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da USP), Giannotti vê o mistério como uma
característica essencial da pintura. "Acredito que, quando alguém chega aqui, pode encontrar algo que não vê lá fora."
PASSAGENS - MARCO GIANNOTTI
Quando: abertura hoje, às 11h; de ter.
a dom., das 10h às 18h; até 12/8
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, SP, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quanto: hoje, entrada franca; R$ 4 (no restante da semana)
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