São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Giannotti cria diálogos entre a cor e o espaço

Artista egresso da Geração 80 ganha mostra na Estação Pinacoteca, em São Paulo

Livro da Cosacnaify enfoca trajetória de 20 anos do paulistano, com textos de críticos como Nelson Brissac Peixoto e Tadeu Chiarelli


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma cidade oblíqua surge com força na pintura de Marco Giannotti. No entanto, não se esperam imagens figurativas da metropolitana São Paulo nas suas 28 telas expostas em "Passagens", mostra que é aberta hoje na Estação Pinacoteca.
"Não nego a influência de São Paulo. Sou um artista paulista e me orgulho disso em meu trabalho", afirma ele, que escolheu como curador da exposição Nelson Brissac Peixoto, leitor crítico de sua obra por 15 anos.
A ausência de amplas panorâmicas e de perspectivas de grande horizontalidade refletem a difícil São Paulo nos óleos recentes de Giannotti, mas ajudam a compor o diálogo entre cor e espaço em seus trabalhos.
"A mostra foi montada de forma que a arquitetura desse local dialogue com as pinturas. Elas ganham novas leituras de acordo com a circulação do público pelo espaço, criando relações plásticas", explica ele. "Há um embate corpóreo do observador com essas grandes telas."

Trajetória
A exposição é acompanhada do lançamento de um livro, "Marco Giannotti" (ed. Cosacnaify, R$ 65, 156 págs.), que resume a trajetória de 20 anos do artista, surgido na Geração 80, sempre lembrada como a do retorno da pintura ao cenário das artes visuais brasileiras.
Alberto Tassinari, Paulo Sergio Duarte, Lorenzo Mammì e Tadeu Chiarelli são alguns dos críticos de arte que assinam textos da edição.
Giannotti acredita que, analisada em revisão, sua pintura está mais madura. "Isso é natural. Creio que o pintor tem mesmo esse período de decantação, vai assimilando e conhecendo melhor a técnica", diz ele. "Já não tenho mais aquele sentimento de que, com minha obra, nunca vou chegar ao que meus mestres fizeram. Convivo com Volpi e com Rothko há 20 anos, e cada vez mais aprendo com as obras deles, a cada novo olhar."
O artista acha que houve uma "inflexão crítica" de sua geração em meados dos anos 80, quando vários dos então jovens nomes foram reunidos na galeria Paulo Figueiredo. "Foi lá, junto do Paulo Pasta e do Fábio Miguez, entre outros, que conhecemos o trabalho da Mira Schendel [1919-1988]. Ela foi essencial no nosso trabalho."
Giannotti, apesar da apurada elaboração de sua obra, tenta agregar o acaso em seus quadros. "A arte perde quando fica cerebral em excesso. Por isso, acho importante que a pintura tenha o meu gesto, a minha mão. Quando o público chega perto das telas, pode perceber pequenas imperfeições."
Professor de artes plásticas da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da USP), Giannotti vê o mistério como uma característica essencial da pintura. "Acredito que, quando alguém chega aqui, pode encontrar algo que não vê lá fora."


PASSAGENS - MARCO GIANNOTTI
Quando:
abertura hoje, às 11h; de ter. a dom., das 10h às 18h; até 12/8
Onde: Estação Pinacoteca (lgo. General Osório, 66, SP, tel. 0/xx/11/3337-0185)
Quanto: hoje, entrada franca; R$ 4 (no restante da semana)


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