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MAC vai privilegiar contemporâneos
Museu quer justificar seu nome, mas obras modernas importantes terão atenção especial, diz diretora, que já dividiu espaços
De acordo com João Sayad, instituição será envolvida por área verde e ganhará espaço com a incorporação de terrenos vizinhos
DA REPORTAGEM LOCAL
A diretora do MAC-USP, Lisbeth Rebollo Gonçalves, está
em definições finais de como
será ocupado o espaço do novo
prédio do museu, sede do Detran apenas até o fim de junho.
No entanto, já tem estabelecida boa parte da divisão: quatro andares, incluindo o térreo,
serão destinados a exposições;
um andar ficará somente com o
setor educativo; e o último andar, de um total de nove, na cobertura, abrigará um restaurante e um espaço para eventos
menores, como lançamentos
de livros e pequenas mostras.
"Um dos pontos que quero
destacar é que a leitura do museu virá do contemporâneo para o moderno. Temos de frisar,
como o próprio nome sugere,
que o museu é de arte contemporânea", afirma ela.
Gonçalves é a responsável
por comandar um museu que
possui cerca de 8.000 obras,
com alguns "tesouros" raros de
serem encontrados em outras
instituições brasileiras (veja
quadro ao lado). O acervo nasceu a partir da coleção do mecenas Ciccillo Matarazzo
(1892-1977), doada à universidade e que fazia parte da primeira fase do MAM (Museu de
Arte Moderna) paulistano.
Dividido entre um prédio de
proporções modestas na Cidade Universitária e um andar no
Pavilhão da Bienal, também no
Ibirapuera, o museu ganha com
a nova sede uma visibilidade
que ele nunca teria nos antigos
espaços. Por isso, precisará
passar por uma reestruturação
administrativa.
"O conselho de museus da secretaria chamou a atenção para
o fato de que esse museu vai ter,
mais ou menos, 20 mil m2. Vai
exigir uma grande gerência,
mais gente envolvida", diz o secretário estadual da Cultura,
João Sayad. "Com certeza haverá mais pessoal e condições
de segurança, circulação e conservação incrementadas", diz
Gonçalves.
Jardim de esculturas
A diretora do museu quer
ainda criar espaços especiais
dentro do prédio. Ela planeja
um jardim de esculturas, com
abertura para a área externa;
um setor apenas de trabalhos
de novas mídias, "mais tecnológico"; um espaço para os trabalhos em papel; um para fotografia, entre outros.
"Isso não significa que eles
não se espalhem pelas exposições", afirma ela. "Também estamos aceitando doações e comodatos que ajudem a compor
e melhorar o nosso acervo."
Parte da coleção do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira,
que foi transferida judicialmente para a instituição, fará
parte das mostras.
O MAC terá também montagem especial para suas "obras-ícones", segundo Gonçalves,
como "Unidade Tripartida", de
Max Bill, escultura que influenciou a eclosão dos movimentos
construtivos no Brasil.
Para inaugurar o espaço em
2009, ainda têm de ser escolhidas as exposições, mas é quase
certo que uma delas esteja dentro da programação do Ano da
França no Brasil, possivelmente a da Coleção Renault, com
obras de Victor Vasarely e Pierre Alechinsky, entre outros.
Parque envoltório
De acordo com João Sayad,
em junho do ano que vem,
quando as reformas estiverem
concluídas, as áreas que ficam
atrás do atual Detran estarão
unidas ao MAC e formarão uma
grande área verde, como uma
extensão do Ibirapuera.
"Com o Detran implementado como museu, há uma área
imensa que pode se incorporar
ao parque [Ibirapuera]. Existe
solução. Com o Instituto Biológico, é fácil, é só tirar a cerca",
afirma o secretário.
"No pátio do Detran, há uma
escolinha de trânsito, galpões,
área para burocracia. Ao lado,
tem a garagem do CDHU [a
companhia de habitação do Estado] e mais uma porção de coisas para tirar de lá."
Segundo a diretora do MAC,
concluídas as reformas, será
necessário ao menos um mês
para a montagem das exposições. "A área verde ao lado, se
não estiver completamente
pronta, ao menos vai estar com
um novo paisagismo."
Gonçalves também não determinou o que vai fazer com os
espaços atuais que o museu
ocupa. "Até a transferência,
ninguém sai de nenhum lugar",
diz. "O campus é importante
porque temos disciplinas sendo dadas, programas de pós-graduação e outros compromissos com a universidade. E o
público da USP é nosso visitante, terá à sua disposição mostras especiais", promete a diretora do MAC.
(MARIO GIOIA)
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