São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Crítica

"Apocalypto" traz unilateralidade de Mel Gibson

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É o final de "Apocalypto" (TC Premium, 19h35) que se impõe contar aqui, mas ninguém se assuste, porque isso não faz a menor diferença. Esse final é um apêndice ao filme, no qual, após tomarmos contato com as barbáries da civilização maia, vemos chegar um barco cheio de bons cristãos.
O sentido do filme deriva daí: a cristandade que vem nos livrar de uma cultura deletéria (antes disso, compartilhamos a aventura de um jovem guerreiro capturado pelos maias e destinado ao sacrifício humano).
Ao longo do filme, Mel Gibson, seu autor, não fará esforço para mostrar o funcionamento dessa cultura, sua relação com seus deuses (que tem a ver com os sacrifícios), com a guerra etc. Exemplo: um maia, ao nascer, devia saber que a casa onde viera à luz não era seu lar. Seu lar era a guerra.
Mais uma vez, Gibson faz filme para obliterar a compreensão das coisas e empurrar o cristianismo como única visão viável de mundo. É um bom fanático, mas não um bom cineasta.


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