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RUÍDO
Indústria rejeita suposto projeto antipirataria
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto antipirataria de
Ralf continua mobilizando
o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas enfrenta resistências
crescentes no meio musical. "As
gravadoras encheram o saco dizendo que a pirataria ia acabar
com a música e agora querem
boicotar meu projeto", reclama
o cantor sertanejo, que diz que
tem sido impedido de falar na
TV sobre seu invento, um CD
"single" sem capa, que competiria em preço com os piratas.
A Associação Brasileira dos
Produtores de Discos (ABPD),
que se dizia neutra, agora se declara contrária ao projeto. "Consideramos um equívoco. Não
contendo nenhum dispositivo
anticópia, não traz em si nenhuma solução para o problema da
pirataria. Lançar músicas fragmentadas em vários singles só
aumentará o custo industrial",
diz o diretor Paulo Rosa.
Dessa vez, para variar, a ABPD
não está só: o presidente da Associação Brasileira da Música
Independente, Pena Schmidt,
também recusa o modelo.
O NÃO-LANÇAMENTO
Mineira estabelecida no
Rio de Janeiro desde criança,
Aparecida (1939-85) foi filha
de africanos que em casa falava em nagô, sambista de
vozeirão, discípula trovejante de Clementina de Jesus
(sua versão para "A Maria
Começa a Beber" era ainda
mais impactante que a da
matriarca). Lançou-se pela
também extinta gravadora
Cid, pela qual lançou em 75
este álbum de estréia, um
tratado condensado de sambas e rituais afro-brasileiros.
Morreu cedo demais, para
deixar de ver a história da
música popular brasileira
passando cruel borracha por
cima de sua existência.
BRASILEIRO SEM BRASIL
Lançado na Europa no início
do ano, "Brincadeira", de
Chico César com o violonista
radicado na Espanha Zezo
Ribeiro, não vê horizonte para
edição no país natal. Zezo diz
que aqui os direitos pertencem
à MZA e lamenta o
desinteresse da gravadora na
edição nacional ou de liberar o
original para outro selo.
BRASILEIRO SEM GRAVADORA
Chico César informa que
rompeu seu contrato com a
MZA e está ocupado na
constituição do selo próprio
Chita, pelo qual deve lançar
dois discos infantis na série
"Chico César para Menores".
Em relação ao disco com Zezo,
diz que "não há novidades,
pois em tese pertence ao [dono
da MZA] Mazzola".
BRASILEIRO SEM MERCADO
Mazzola apresenta a terceira
versão da história: "Escutei há
um mês e vi que não é muito
forte comercialmente. Tenho
interesse em lançar, mas não
num momento como este".
Afirmando que a indústria se
encontra "destruída",
completa: "Não vou reter o
disco, se Zezo tiver alguém
interessado, eu libero".
LENHA NA CALDEIRA
A Casa das Caldeiras tenta se
firmar como pólo de cultura
com o projeto Caldeiras
Culturais - Núcleo de
Convergência Artística. O
setor de música é coordenado
pela carioca Arícia Mess, que
inaugura amanhã o espaço de
shows Clube Caverna (300
lugares), cantando com Moisés
Santana e Alta Fidelidade.
ACERVOS DIGITAIS, ENFIM
Após mais de dois meses de
novela, finalmente entrou em
funcionamento o projeto de
disponibilização digital do
imenso acervo musical do
Instituto Moreira Salles
(www.ims.com.br). São cerca
de 13 mil gravações (a maioria
de discos antigos de 78 rpm),
disponíveis para audição
gratuita a quem já recebeu a
senha de acesso enviada por e-mail pela instituição.
psanches@folhasp.com.br
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