São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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RUÍDO

Indústria rejeita suposto projeto antipirataria

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto antipirataria de Ralf continua mobilizando o Ministério da Ciência e Tecnologia, mas enfrenta resistências crescentes no meio musical. "As gravadoras encheram o saco dizendo que a pirataria ia acabar com a música e agora querem boicotar meu projeto", reclama o cantor sertanejo, que diz que tem sido impedido de falar na TV sobre seu invento, um CD "single" sem capa, que competiria em preço com os piratas.
A Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), que se dizia neutra, agora se declara contrária ao projeto. "Consideramos um equívoco. Não contendo nenhum dispositivo anticópia, não traz em si nenhuma solução para o problema da pirataria. Lançar músicas fragmentadas em vários singles só aumentará o custo industrial", diz o diretor Paulo Rosa.
Dessa vez, para variar, a ABPD não está só: o presidente da Associação Brasileira da Música Independente, Pena Schmidt, também recusa o modelo.

O NÃO-LANÇAMENTO

Mineira estabelecida no Rio de Janeiro desde criança, Aparecida (1939-85) foi filha de africanos que em casa falava em nagô, sambista de vozeirão, discípula trovejante de Clementina de Jesus (sua versão para "A Maria Começa a Beber" era ainda mais impactante que a da matriarca). Lançou-se pela também extinta gravadora Cid, pela qual lançou em 75 este álbum de estréia, um tratado condensado de sambas e rituais afro-brasileiros. Morreu cedo demais, para deixar de ver a história da música popular brasileira passando cruel borracha por cima de sua existência.

BRASILEIRO SEM BRASIL
Lançado na Europa no início do ano, "Brincadeira", de Chico César com o violonista radicado na Espanha Zezo Ribeiro, não vê horizonte para edição no país natal. Zezo diz que aqui os direitos pertencem à MZA e lamenta o desinteresse da gravadora na edição nacional ou de liberar o original para outro selo.

BRASILEIRO SEM GRAVADORA
Chico César informa que rompeu seu contrato com a MZA e está ocupado na constituição do selo próprio Chita, pelo qual deve lançar dois discos infantis na série "Chico César para Menores". Em relação ao disco com Zezo, diz que "não há novidades, pois em tese pertence ao [dono da MZA] Mazzola".

BRASILEIRO SEM MERCADO
Mazzola apresenta a terceira versão da história: "Escutei há um mês e vi que não é muito forte comercialmente. Tenho interesse em lançar, mas não num momento como este". Afirmando que a indústria se encontra "destruída", completa: "Não vou reter o disco, se Zezo tiver alguém interessado, eu libero".

LENHA NA CALDEIRA
A Casa das Caldeiras tenta se firmar como pólo de cultura com o projeto Caldeiras Culturais - Núcleo de Convergência Artística. O setor de música é coordenado pela carioca Arícia Mess, que inaugura amanhã o espaço de shows Clube Caverna (300 lugares), cantando com Moisés Santana e Alta Fidelidade.

ACERVOS DIGITAIS, ENFIM
Após mais de dois meses de novela, finalmente entrou em funcionamento o projeto de disponibilização digital do imenso acervo musical do Instituto Moreira Salles (www.ims.com.br). São cerca de 13 mil gravações (a maioria de discos antigos de 78 rpm), disponíveis para audição gratuita a quem já recebeu a senha de acesso enviada por e-mail pela instituição.

psanches@folhasp.com.br


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